São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Rejeição

EDUARDO OHATA

Oscar de la Hoya figura na lista das 50 pessoas mais bonitas do mundo, organizada pela revista "People". Ao seu lado estão "galãs", como Tom Cruise, Brad Pitt e Harrison Ford.
Segundo a publicação, "suas boas maneiras e a imagem de 'bom moço' estão ajudando a melhorar a imagem do boxe".
Além disso, esse pugilista participa de campanhas publicitárias dos mais diversos produtos: colônias, roupas, cremes de barbear, entre outros. Dentro dos ringues, nos últimos meses venceu lutadores de respeito: Júlio César Chávez, Miguel Angel González, Pernell Whitaker e David Kamau. No último sábado venceu por pontos Hector "não tão macho" Camacho, que sobreviveu usando sua melhor combinação: o jab seguido de agarrão.
O que De La Hoya não consegue entender -ou aceitar- é a rejeição que sofre da parte do público mexicano e descendentes. E parece obcecado em culpar a Chávez, a quem venceu no ano passado.
"Quero lutar novamente com Chávez para fazê-lo dormir. As desculpas que inventou para justificar sua derrota roubaram o brilho de minha vitória."
Tal argumentação parece ser uma indicação de que De La Hoya sofre da "síndrome de Larry Holmes".
O ex-campeão dos pesos pesados também nunca entendeu porque o público nunca o amou como a Muhammad Ali, seu predecessor e um dos mais queridos lutadores de todos os tempos. E se tornou cada vez mais amargo e irascível.
Foi assim que, durante uma cerimônia, desmereceu a memória de outro popular ex-campeão, Rocky Marciano. "Ele não seria digno de carregar meu protetor genital", disse, tornando-se ainda mais odiado.
Se continuar seguindo essa mesma trilha, o "Golden Boy" conseguirá provar apenas uma coisa: que seu "ouro" na verdade é o "ouro dos tolos".

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