São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Pesquisa utiliza Davis como laboratório

FERNANDA PAPA; RÉGIS ANDAKU
DOS ENVIADOS A FLORIANÓPOLIS

Tenistas brasileiros e neozelandeses vão virar "ratos de laboratório" quando estiverem na quadra hoje para jogar a Copa Davis.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Estadual de Santa Catarina está acompanhando o torneio só para estudar, cientificamente, os jogadores e seus movimentos durante uma partida.
Os resultados dessa pesquisa poderão ser apresentados em um congresso mundial de biomecânica, no próximo ano, na cidade de Colônia, na Alemanha.
Ontem, eles estiveram na quadra da disputa, batizada de Gustavo Kuerten, para instalar as três câmeras que serão usadas na captação dos movimentos dos tenistas.
A câmera, especial, registra 180 quadros por segundo. Isso significa que 180 "fotos" podem ser feitas em um só segundo.
Posteriormente, essas imagens serão jogadas em um computador que, tendo os movimentos completos dos atletas em três dimensões, possibilitará aos pesquisadores "brincar" na pesquisa.
A partir do instante em que os movimentos estiverem "guardados", os cientistas poderão fazer sua pesquisa de acordo com a sua área de interesse.
Poderão ser examinados por físicos, engenheiros, médicos e professores ligados à educação física.
Micromovimento
"Será possível observar um movimento que, para os treinadores, os jogadores e os torcedores, passa despercebido", diz Antônio Moro, da Universidade Federal e um dos responsáveis pelo projeto.
Os movimentos a que se refere o professor Moro são, por exemplo, os dedos do jogador durante um saque, o pulso durante um voleio.
Um determinado golpe de um tenista poderá ser analisado por meio de comparação de um certo momento em várias situações.
Exemplo: imagens do punho de Kuerten -ele será o principal "rato de laboratório"- poderão ser vistas, com nitidez, por computador, no exato momento em que o tenista estiver sacando.
"Isso pode ajudar o treinador a mostrar ao seu atleta que se ele saca assim", diz Moro, gesticulando, "o saque vai bem e mais rápido. E poderá também mostrar que, se ele saca desse outro jeito, erra", afirmou o pesquisador.
Outro ponto da pesquisa -este mais curioso que científico- é dar, com exatidão, a velocidade máxima da bola durante o saque.
Os placares usados no circuito mundial de tênis indicam a velocidades usando como cálculo a equação distância/tempo.
Ainda com as câmeras e computador, será possível aos físicos do grupo de pesquisadores constatar as várias velocidades da bola na sua trajetória durante um saque.
(FERNANDA PAPA e RÉGIS ANDAKU)

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