São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 1997
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Cyrus Chestnut quer "sorriso do povo"

CARLOS BOZZO JUNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

O pianista Cyrus Chestnut, 35, tem seu lugar garantido na história do jazz e no céu. Ele, que já tocou com Jon Hendricks, Wynton Marsalis e as divas Betty Carter e Kathleen Battle, continua se apresentando em igrejas.
Filho de um funcionário aposentado do Correio, aprendeu com o pai os primeiros acordes, que o valeram três bolsas de estudo na renomada Berklee College of Music.
Dono de uma voz mansa, que lembra a do cantor João Gilberto, de quem é profundo admirador, Chestnut falou à Folha, por telefone, de sua casa em Baltimore.
Ele se apresenta no Free Jazz com o baixista Steve Kirby e o baterista Alvester Garnett nos dias 9 de outubro, no Rio, e 10 de outubro, em São Paulo.
*
Folha - O que você pretende tocar no Brasil?
Cyrus Chestnut - Algumas músicas que já gravei e outras composições ainda inéditas. Não tenho certeza, mas uma das minhas prediletas é "Estate", que João Gilberto canta e eu adoro.
Folha - O que você espera encontrar no Brasil?
Chestnut - Na última vez em que estive no Brasil, acompanhando Betty Carter, fiquei por pouco tempo. Espero conseguir, tocando, colocar sorrisos nas faces do povo brasileiro... Também quero muito conhecer, para poder apreciar melhor, a cultura daí.
Folha - Você pretende tocar em alguma igreja no Brasil?
Chestnut - Caso tenha oportunidade, farei com muita felicidade.
Folha - Qual é sua rotina de prática com o instrumento, quando você está viajando?
Chestnut - Pratico o máximo que posso. Quando começo a testar o som do lugar onde vou tocar, costumo pedir para que todos me deixem a sós com o piano.
Folha - O que acha do último trabalho do também pianista de jazz McCoy Tyner, aquele com músicas de Burt Bacharach?
Chestnut - É muito legal. Se você olhar para a história do jazz, encontrará músicos fazendo isso todo o tempo com o clássico, o pop.
Folha - Como foi participar de "Kansas City", de Robert Altman?
Chestnut - Engraçado. Tive o prazer de tocar com Ron Carter (baixista) uma semana inteira.
Folha - Há racismo na música?
Chestnut - Música, na sua forma mais pura, não tem raça, cor ou religião. Mas o racismo existe em todo o lugar, no Brasil, na Europa. Deve ser combatido, aniquilado.

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