São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997
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Brasil faz 1º mapa de esclerose múltipla

LUCIA MARTINS
DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

Uma doença que se manifesta por surtos de paralisia de partes do corpos e só era registrada em países do Hemisfério Norte existe no Brasil e pode estar crescendo. É o que aponta estudo da Unirio -Universidade do Rio de Janeiro.
Pela primeira vez, um grupo de neurologistas de 22 centros de todo o Brasil mapeou casos de EM (esclerose múltipla) e descobriu que o problema pode ser maior no país do que se imagina.
No Canadá, um dos países que registra mais casos, a incidência da doença chega a 50 por 100 mil pessoas. A média no resto do mundo é 10 por 100 mil. O índice no Brasil ainda não é conhecido.
O Projeto Atlântico Sul -como foi chamado o grupo- apresentou, pela primeira vez, o seu trabalho com o perfil de 341 doentes brasileiros no 16º Congresso Mundial de Neurologia, que ocorreu na semana passada em Buenos Aires.
O trabalho é importante para mostrar aos médicos do país que a doença existe e, por isso, é necessário melhorar os diagnósticos e os tratamentos dos doentes.
As causas da doença ainda não são conhecidas, mas a EM causa inflamação da bainha que conduz as mensagens do cérebro para o resto do corpo. Por isso, pode haver falhas no sistema nervoso. Os principais sintomas são perda da visão, distúrbio de coordenação, fraqueza nas pernas, perda de sensibilidade e desequilíbrio.
O estudo reforça algumas estatísticas mundiais, como a prevalência em mulheres. Dos 341 doentes, a maioria tem entre 20 e 40 anos (mais de 50%), mora no Sudeste (65%) e são mulheres (77%).
Um resultado diferente do que existe no mundo é o fato de que, no Brasil, um terço dos doentes tem origem afro. Outra diferença da "EM do Brasil" em relação aos países frios é que a manifestação da doença é mais leve aqui e não leva à paralisia total na maioria dos casos. Apesar de não ter cura, os remédios ajudam a tornar os surtos menos frequentes. Dois medicamentos que melhoram as crises são distribuídos pela rede pública.
Durante o congresso, foi apresentado um novo medicamento, o copaxone, que promete ter um efeito mais eficaz contra os surtos, mas espera aprovação do Ministério da Saúde.

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