São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997
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Robô surpreendeu cientistas

RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O robô Sojourner foi um completo sucesso. Ele recolheu muito mais dados sobre a atmosfera, o clima e a geologia de Marte do que os cientistas esperavam. Os técnicos da Nasa (agência espacial dos EUA) esperavam que os mecanismos, os sistemas eletrônicos e as baterias solares funcionassem pelo menos uma semana. Depois de 30 dias, o Sojourner, ainda em plena forma, já havia percorrido algumas dezenas de metros ao redor do módulo de pouso e obtido 384 vistas espetaculares das rochas e da Estação Carl Sagan, como foi rebatizada a Pathfinder. Projetado para funcionar com grande segurança, o Sojourner se desloca a 0,7 centímetros por segundo, com longas paradas para sentir o relevo do terreno e processar as informações.
Essa máquina de 10,5 kg sobre rodas, equipada com sofisticados olhos laser e programada automaticamente, foi capaz de pensar e reagir diante de acontecimentos imprevistos sobre a superfície de outro planeta.
Olho laser
O sistema de evitação ocasional colocou o Sojourner numa situação ímpar em relação às outras máquinas usadas anteriormente na exploração espacial.
Este sistema compreende cinco feixes de raios laser que se projetam em direção ao solo. O feixe de laser principal localizado no centro do corpo do microrrobô, aponta verticalmente para o solo. Os outros dois feixes de laser laterais apontam para o solo num ângulo moderado em relação ao feixe central, enquanto os outros dois se projetam em um ângulo de inclinação maior. Estes dois últimos funcionam como uma espécie de visão periférica, atingindo um campo de exploração do solo marciano muito superior ao corpo do microrrobô. O objetivo destes raios é o de detectar ou "visualizar" a superfície e os objetos situados na trajetória do veículo. Eles podem detectar rochas e elaborar um mapa do contorno do relevo situado imediatamente em frente ao microrrobô. A cada "passo" ou deslocamento de 0,7 cm, o Sojourner projeta seus raios em direção ao solo novamente. Estas informações, uma vez analisadas, permitem a elaboração de um novo mapa do solo a ser ocupado pelo próximo "passo" ou deslocamento.
A inteligência do Sojourner é o produto de muitos anos de pesquisa no campo da telerrobótica e da automação. Além dos desafios da construção do robô, capaz de sobreviver ao clima frio de outro planeta, o Sojourner é o primeiro estágio de um aperfeiçoamento que, no futuro será empregado em ou tras verdadeiras máquinas mais ágeis e capazes de explorar centenas de quilômetros de distância do lugar de aterrissagem, com seus próprios recursos e decisões.
(RRFM)

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