São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997 |
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Vamos fugir para o Brasil?
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - Os dois mafiosos estão tensos. Diante do chefão Cross De Lena, o matador Lia Vazzi parece nervoso, preocupado: o policial corrupto Jim Losey está pegando no seu pé, tentando incriminá-lo por causa do desaparecimento do mau-caráter Boz Skanet. Vazzi acabou mesmo com a raça de Skanet, para que ele deixasse em paz a estrela de Hollywood Athena Aquitane. E Losey suspeita de Vazzi. Agora, o exterminador siciliano Vazzi está nas mãos de seu querido chefe, o mafioso chic Cross De Lena.Diante da inquietação de seu matador predileto, Cross encontra a solução: "Por que você não tira umas férias no Brasil?". Toda essa trama acima, e o Brasil como solução do problema, está no mais recente livro de Mario Puzo, "O Último Chefão" (Editora Record). Chefões, assassinatos sob encomenda, policiais e políticos corruptos, sexo, armas e violência, sempre com a Máfia como recheio, são a especialidade de Puzo, idealizador da saga de dom Vito Corleone, "O Poderoso Chefão", e seus sucessores. A "famiglia" agora é outra. São os Clericuzzo, mas ainda há o "dom" e seus asseclas, entre os quais De Lena, um mafioso de classe. Não é a primeira vez que o Brasil é lembrado como destino adequado a criminosos. Assim como no romance de Puzo, em geral o país é citado apenas de passagem. Mas basta. Afinal, para os ficcionistas do Primeiro Mundo, o Brasil remete a duas coisas: paraíso tropical e lugar seguro para quem quer fugir da lei. Se alguém está prestes a levar uma bala de grosso calibre no meio da testa, não há problema: vá para o Brasil. Rio, samba, Carnaval, mulatas etc. Pensando bem, nada mau. Que tal fugir para o Brasil? Se você corre o risco de levar um Serjão no meio da idéia; se não aguenta mais o neoliberalismo escamoteado de FHC; se, pelas barbas do profeta, não há Lula que o tire dessa agonia, fuja. Fuja para o Brasil... Texto Anterior: Cabra macho, sim senhor Próximo Texto: Deitado em berço esplêndido: chega! Índice |
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