São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997
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Peugeot 106 gasta pouco, mas é fraco

JOSÉ CARLOS CHAVES
EDITOR DE VEÍCULOS

O mercado de carros "populares" está ganhando mais um novo concorrente, só que desta vez é um modelo francês, o Peugeot 106 Soleil. O carrinho chega às lojas da marca com dois grandes atrativos para os bolsos mais exigentes: bom preço e consumo surpreendente.
O 106 Soleil é vendido em apenas duas versões, US$ 11,99 mil para a de duas portas e US$ 12,54 mil, para a de quatro portas. Os "populares" nacionais mais baratos custam, na tabela, R$ 10,6 mil, para o antigo Fiat Uno SX, e R$ 11,26 mil, para o apertado Ford Ka 1.0.
Outro apelo financeiro é o excepcional consumo rodoviário, que atinge a melhor marca entre os nacionais com motor 1.0.
No teste realizado pela Folha e pelo Instituto Mauá, o 106 marcou impressionantes 21,4 km/l na estrada. Isso é mais que suficiente para superar o "popular" brasileiro mais econômico, o Chevrolet Corsa (18 km/l). Na cidade, não foi o melhor, mas "bebeu" pouco: 12,3 km/l, nada mal se comparado ao campeão Ford Ka (13,7 km/l).
Mas, para encarar o 106, o consumidor vai ter de abdicar de alguns confortos que não estão disponíveis nesse importado. O Soleil vem com um pacote fechado de equipamentos -as únicas opções são as duas ou quatro portas.
Nesse pacote, o motorista não terá direção hidráulica, ar-condicionado nem vidros e espelhos com acionamento elétrico. Na versão quatro portas, a falta das travas elétricas atrapalha muito.
No entanto o que mais atrapalha mesmo é o fraco desempenho do motor 1.0. Na estrada até que ele anda bem, mas basta encontrar qualquer subidinha que o 106 já começa a "reclamar". Se estiver carregado, o sufoco é maior ainda. Isso exige constantes reduções até achar a marcha mais adequada.
Como o objetivo do comprador de um "popular" não é exatamente o desempenho, o pequeno 106 oferece outros atrativos, como o belo design, que foi renovado. Seguindo o mesmo estilo dos outros carros da Peugeot, o desenho com os faróis tipo "olhos de gato" inspira um certo ar esportivo e sofisticado ao carro.
Suspensão bem adaptada
Durante o teste, a suspensão mostrou-se muito bem adaptada ao piso brasileiro. É durinha, sem ser desconfortável, o que ajuda na hora de enfrentar buracos e valetas. Não faz ruídos em excesso e não deixa a frente bater nem nas guias mais rebaixadas.
Segundo a Peugeot, o carro vem da França com a suspensão mais reforçada e 55 mm mais alta.
Para aumentar a proteção dos componentes inferiores, há uma resistente chapa de aço sob o motor, mantendo-o longe dos impactos contra pedras e lombadas.
Ao volante, a posição de dirigir é agradável. O volante tem o tamanho na medida exata e os engates do câmbio são curtos e precisos, principalmente a ré.
O quadro de instrumentos, porém, é pobre. Há velocímetro, marcador de combustível e relógio analógico, sem o termômetro de água, comum nos concorrentes. Um conta-giros faz falta, pois facilitaria a troca das marchas, evitando forçar muito o motor.
O espaço interno é como o dos outros "populares", apenas um pouco mais apertado atrás, principalmente para as pernas. Os vidros traseiros baixam quase totalmente, fato raro em compactos de quatro portas.

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