São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Crise asiática faz investidor confiar na AL

CELSO PINTO
DO ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Aumentou o interesse e a confiança dos investidores asiáticos na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular. Ironicamente, porque a instabilidade asiática recente tornou a América Latina uma opção mais estável.
O aumento da confiança ficou claro numa pesquisa divulgada ontem pelo Bank Boston junto a 102 grandes investidores (entre bancos, fundos de investimento e multinacionais) na China, Hong Kong, Indonésia, Filipinas, Cingapura e Coréia do Sul.
Os países pesquisados têm pouca relação com a América Latina e 75% do total não têm investimentos na área. A pesquisa deixou de lado, propositadamente, o Japão, por ser um investidor tradicional na região.
A pesquisa foi feita em agosto, em meio à confusão monetária asiática. O diretor de pesquisas do Boston, Peter Allen, disse que, dado o nervosismo que dominava o mercado e o receio de que o Brasil pudesse sofrer uma crise semelhante, ficou surpreso ao ver os investidores colocarem o Brasil como primeira opção.
Henrique Meirelles, presidente do Bank Boston, acha que o pior do nervosismo já passou e Allen concorda que houve uma preocupação exagerada do mercado. Meirelles acha que a preocupação envolveu principalmente instituições e investidores pouco informados sobre o Brasil, em função de duas vulnerabilidades: a sobrevalorização cambial e o elevado déficit externo.
Ele acredita, contudo, que o risco de haver uma crise monetária no Brasil é pequeno em função do nível de reservas e do programa de privatização.
O Boston participou da emissão de US$ 250 milhões de eurobônus do BNDES, na semana passada, com prazo de 10 anos. O sucesso da emissão, que teve 20% do total vendido na Ásia, ajudou a consolidar uma tendência recente de melhora do mercado para papéis brasileiros, depois de alguns meses complicados.
O aumento do interesse asiático na América Latina detectado pela pesquisa se concentra mais na área financeira. As multinacionais foram um pouco menos otimistas em suas respostas e a maioria (64%) só pretende pensar em investir em privatizações na região em três anos ou mais.
(CP)

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