São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Alta de renda não é tendência

DA REPORTAGEM LOCAL

O rendimento dos ocupados na Grande São Paulo cresceu 0,9% em julho, depois de seis meses de quedas consecutivas. O ganho médio dos trabalhadores foi de R$ 866. Em junho, havia ficado em R$ 858.
Os 10% mais pobres foram os que obtiveram maiores ganhos no período: o rendimento médio desse grupo cresceu 5,4% e passou de R$ 152 para R$ 160.
Na outra ponta, os 10% com melhor renda (média de R$ 2.002) viram seus ganhos caírem 0,4%.
O resultado, no entanto, não aponta uma tendência. Segundo a pesquisa, esse crescimento é mais fruto de um efeito estatístico que de um aumento real da renda.
Uma das hipóteses é que as demissões no comércio e nos serviços domésticos tenham eliminados os postos de menor rendimento, o que puxa para cima a renda média.
"Na verdade, o nível de rendimento está estabilizado nos últimos meses. Não há perspectiva de grandes quedas ou crescimentos", diz Sérgio Mendonça, do Dieese.
Um dos fatores dessa estabilidade, admitida até pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, é que o poder de redistribuição de renda do Plano Real, como efeito imediato da estabilização, se esgotou.
Daqui para frente, concordam governo e oposição, novos saltos de renda só acontecerão com um crescimento mais acelerado da economia -algo igual ou acima de 6% ao ano.
Com a economia crescendo entre 3% e 4% -previsão para este ano-, a recuperação da renda fica difícil. Os assalariados não conseguem negociar grandes aumentos, porque as empresas precisam ganhar competitividade, e os autônomos são obrigados a manter seus preços estáveis, para não perder mercado.

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