São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
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Vendedora leva filho de 13 anos para ajudá-la em crime em SP

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A vendedora Isabel Pedreira Garcia Leal, 37, é acusada de levar o filho J.P.G.L., 13, para ajudá-la no assalto que terminou na morte da comerciante Berenice de Souza Silva, 40. O crime foi no último dia 18, na rua Nova Barão, na Sé (região central de São Paulo).
Isabel confessou o crime. Ela disse que não queria matar Berenice e que seu filho não sabia o que ela iria realmente fazer. "Ela (Berenice) havia me roubado em um negócio com brilhantes. Ela reagiu e nós lutamos", disse. Vítima e presa se conheciam havia dez anos.
O plano da vendedora era amarrar e amordaçar a vítima e levar os reais, dólares, os vales-refeição e vales-transporte que Berenice negociava em seu escritório no 4º andar da Galeria Nova Barão.
Para tanto, Isabel comprou um rolo de barbante, pegou um lenço em casa e saiu com o filho. Os dois chegaram, por volta das 19h, à galeria e teriam sido as últimas pessoas que tiveram contato com a comerciante, segundo funcionários do prédio.
O corpo de Berenice foi achado horas depois do crime. Segundo os peritos, ela recebeu mais de dez facadas. Havia sinal de luta no escritório, que a comerciante usava na compra e venda de tíquetes e vales.
"Por meio de uma fotografia, as testemunhas reconheceram Isabel como a mulher que havia ido naquela noite ao escritório", disse o delegado Arli Antônio Reginaldo, da Divisão de Homicídios.
Na casa da presa, na Vila Albertina (zona noroeste), os policiais encontraram R$ 2.195 e tíquetes roubados da comerciante. Eles também apreenderam uma fotografia do filho de Isabel usando uma blusa de moletom idêntica à que foi encontrada suja de sangue no escritório de Berenice.
Os policiais descobriram que Isabel chegou ferida e disse aos vizinhos que havia sido vítima de roubo. Ela tratou o ferimento no Hospital do Mandaqui (zona norte). O taxista que a levou ao hospital depôs no inquérito, e o prontuário dela foi apreendido.
Prisão
Para tentar prendê-la, os policiais mantiveram durante esses dias a casa da vendedora sob vigilância. Anteontem à tarde, eles detiveram o filho de Isabel. J.P.G.L. havia ido apanhar uma bicicleta.
Ele confessou o crime e disse que só deveria amarrar e amordaçar a comerciante, mas, como ela reagiu, ele ficou sem saber o que fazer. Berenice ferira a mão de sua mãe, que a matou a facadas.
Depois, o adolescente levou os policiais a um apartamento da avenida 9 de Julho, na Bela Vista (região central). Nele, os policiais detiveram a vendedora, que havia passado os últimos dias num hotel e numa pensão. "Nós achamos com a Isabel um talão de cheques da comerciante com duas folhas assinadas", afirmou o delegado.
A vendedora, que já era procurada pela Justiça por ter sido condenada por falsificação de documentos e por estelionato, havia cortado os cabelos para mudar o rosto e escapar à perseguição.
Ontem, ela prestou depoimento no inquérito sobre o roubo seguido de morte, no qual a Justiça decretou sua prisão temporária. Segundo o delegado, Isabel também irá ser acusada de corrupção de menor por ter feito o filho participar do crime. (MARCELO GODOY)

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