São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997
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Ciro e seu espaço na mídia

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ciro Gomes anunciou ontem, na Rede Globo, sua decisão de se filiar ao PPS. Significativo o anúncio e o local escolhido para fazê-lo.
Ciro conquistou espaço de mídia nos últimos dois meses dizendo que trocaria o PSDB por um partido melhor. Que poderia ser candidato a presidente de uma frente ampla de partidos. Só isso o levaria a sair do ninho tucano. Entrou para o PPS.
O PPS tem um senador, dois deputados e um histórico de ambiguidade em relação a tudo o que é ou vem do governo. É uma legenda que sofreu com seus eternos revisionismos, nascida que é do comunismo stalinista.
Se o PPS é pequeno no Congresso, não o é por falta de abertura, como deixou claro ontem o senador Roberto Freire (PE), presidente do partido, em declaração à repórter Marta Salomon.
Freire afirmou que no seu partido entram "democratas, comunistas, socialistas, social-democratas (...) Não entram antidemocratas, torturadores e corruptos".
Nesse espírito frentista, Ciro Gomes entrou no PPS. Vai à luta para falar, como diz, "ao povo". Quer conquistar apoios e viabilizar a tal frente ampla de centro-esquerda.
Com o seu poder pessoal de comunicação, Ciro tem todas as chances de convencer muita gente a votar nele. O problema é que lida com um fator imponderável: não sabe qual espaço terá na mídia a partir de agora.
Até ontem, Ciro guardava um segredo que todos queriam saber. Hoje, todos já sabem. Mal comparando, era a mesma coisa quando o senador Roberto Requião (PMDB-PR) era o relator da CPI dos Precatórios. Passado o interesse, o político paranaense voltou para o oblívio no Congresso.
Nada impede que Ciro siga brilhando. Os adversários vão atrapalhar. Lula cancelou sua ida a um debate que teria com Ciro na Bandeirantes. A lógica ensina que o assédio da imprensa pode diminuir a partir de agora.
Resta ao ex-tucano convencer outros partidos a lançá-lo candidato a presidente. Seria um fato com apelo de mídia. Não é fácil. Ainda mais no PPS.

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