São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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Dow Química faz críticas ao contrato da Odebrecht

Presidente da empresa afirma que acordo pode criar monopólio

MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

As cláusulas do contrato assinado entre a OPP Petroquímica, do grupo Odebrecht, e a Petrobrás para a criação do pólo petroquímico de Paulínia (SP) são motivo de críticas também para a Dow Química, multinacional do setor petroquímico que atua no Brasil há 40 anos.
A empresa, que também é parceria da Petrobrás em um projeto na Argentina, avalia que as cláusulas do contrato assinado garantem um monopólio do setor petroquímico para a Companhia Nacional de Produtos Petroquímicos (CNPP)- associação da Petrobrás com o grupo Odebrecht.
Segundo o presidente da Dow Química, Luciano Respini, "o incrível é que o acordo definido entre as empresas associadas estenda essa obrigatoriedade para outros projetos em nível nacional".
A cláusula oitava do contrato dá à Odebrecht preferência em qualquer projeto da Petrobrás no setor petroquímico e vem sendo duramente criticada por concorrentes.
Para Respini, os termos do contrato vão contra a política de abertura da economia do governo, já que a Petrobrás é atualmente a única fornecedora de matéria-prima para o setor petroquímico.
A Dow registrou faturamento no país de US$ 722 milhões em 1996 e espera crescer 10% neste ano.
Em 1995, a empresa comprou o pólo petroquímico de Baia Blanca e desde então prometeu investir US$ 500 milhões.
No mercado petroquímico brasileiro, as indústrias nacionais buscam parcerias com a Petrobrás para ganhar escala de produção e competir com as gigantes internacionais, segundo analistas ouvidos pela Folha.
"Não há dúvida de que as grandes empresas da área petroquímica estão interessadas em aprofundar sua presença no Brasil e elas têm um poder econômico enorme", avalia o presidente da consultoria Ernst & Young no Brasil, George Roth.
Segundo o executivo, os grandes grupos brasileiros do setor petroquímico ainda são menores que as empresas internacionais e a política de parceria é uma forma de concorrer no mercado.
Roth afirma que existem algumas negociações sendo desenvolvidas atualmente por parte de grandes empresas internacionais da área petroquímica, sempre para uma maior atuação no mercado brasileiro. "Há uma tendência de concentração", disse.

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