São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Agências se armam contra o crescimento da Internet
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
A convenção reuniu prestadores de serviço, agências de viagem e dezenas de expositores com todo tipo de produto que possa interessar aos viajantes. O ponto central do encontro foi o debate sobre o futuro da indústria do turismo diante dos avanços tecnológicos e da facilidade de o consumidor ter acesso a informações sobre viagens. A Internet -e os produtos distribuídos pela rede mundial de computadores- foi o maior foco de atenção do congresso. A pergunta que agentes de viagem e prestadores de serviço tentavam responder era: "Como vai ficar a indústria do turismo se o viajante, com a Internet, pode fazer quase tudo sozinho?" Nem a maior estrela do congresso, James Barksdale, presidente da Netscape (empresa líder do mercado de software para Internet), tinha uma resposta precisa sobre o impacto que o aumento do número de usuários da rede terá sobre o mundo do turismo. Os demais conferencistas também evitaram previsões. Inclusive os anfitriões. "Ninguém sabe se a venda (dos produtos e serviços de turismo) será nas agências ou na World Wide Web (face gráfica da Internet)", diz Eric Speck, presidente do Sabre Group. No olho do furacão Grupo pertencente à mesma corporação da American Airlines, o Sabre é especializado na distribuição de produtos e serviços de informática relativos a viagens. Ou seja, está no olho do furacão da revolução tecnológica. O grupo tem 30 mil agências de viagem conectadas e 3 milhões de consumidores cadastrados. Do outro lado da linha estão 400 empresas aéreas, 50 locadoras de carro, 35 mil hotéis e dezenas de ferrovias e empresas de navegação. A rede permite a agências ou ao turista fazer reservas de vôo, hotéis, navios e carros diretamente pelo computador. Em geral, a aposta do congresso foi a de que, mesmo com as facilidades oferecidas pela Internet, a maioria dos turistas continuará usando as agências para programar suas viagens. Ao menos no curto prazo. Os especialistas não crêem que o consumidor médio vai se dispor a gastar alguns milhares de dólares num pacote de viagem em que tudo, desde a elaboração do roteiro ao pagamento das passagens, é feito apenas pelo computador. A hipótese é que o turista ainda vai querer falar com alguém, até para ter com quem reclamar se algo der errado. "O cliente quer a proteção de um ser humano na transação", afirma Douglas Domingues, gerente-geral do Sabre no Brasil. Por via das dúvidas, o Sabre está apostando nas duas pontas. Ao mesmo tempo em que aumentou o pacote de serviços oferecidos exclusivamente para as agências em sua rede "fechada", está investindo no incremento de produtos disponíveis pela Internet. O internauta que entrar na home page do Sabre na Web (http://www.sabre.com) vai encontrar várias alternativas, como o Easysabre e o Travelocity. O primeiro é a versão para a Internet de um programa de reservas on line que já funciona há dez anos. Oferece a possibilidade de reservas de bilhetes aéreos e carros, além de informações sobre vôos, mas exige que o internauta digite os comandos. O segundo é uma novidade: tem os mesmo serviços do Easysabre, mas com uma interface mais amigável. Basta clicar sobre os ícones para chegar às informações desejadas. Além disso, o Travelocity tem ofertas de passagens, procura os melhores itinerários e dá informações sobre o destino escolhido. Em ambos os produtos, para ter acesso aos serviços, o internauta terá de se cadastrar. E nos dois casos a emissão dos bilhetes aéreos, por exemplo, acabará a cargo de alguma agência de turismo. A maior parte do negócio de reservas de viagem ainda continua nas mãos dos agentes de turismo. Para não perder mercado, o Sabre investiu em produtos também para esse segmento. Entre outras opções, há o Planet Sabre, que permite acesso à Internet e memoriza as preferências dos clientes da agência, por exemplo. E, para não deixar nenhuma ponta descoberta, o Sabre está oferecendo a criação gratuita de home pages na Internet para as agências. Basta usarem seus serviços. O congresso de Chicago mostrou que, na falta de uma previsão mais precisa sobre o futuro, as empresas de turismo estão lançando sua rede para todos os lados. Em alguns deles pretendem agarrar o consumidor. Texto Anterior: Turismo britânico rende US$ 19,9 bi em 96 Próximo Texto: Companhia US Airways faz acordo com a Sabre; Papa chega ao Brasil num avião da Alitalia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |