São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Restrições serão rotina para paulistano

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas em trânsito disseram que, enquanto a qualidade do transporte público não melhorar, o paulistano provavelmente terá de conviver com alguma forma de restrição ao uso do carro a fim de que o trânsito da cidade, no curto prazo, apresente alguma melhoria.
"Pode haver divergência na forma de restrição a ser implantada, mas não há dúvida de que alguma restrição deverá ser adotada", disse Nelson Maluf El-Hage, presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Para Luiz Célio Bottura, consultor em transportes e desenvolvimento urbano, a adoção em São Paulo do chamado pedágio urbano -os carros pagariam uma tarifa para circular em partes da cidade- é só uma questão de tempo.
"O pedágio urbano é um fato irreversível. O avanço da tecnologia tornará muito fácil e simples cobrar uma taxa dos donos de carros de acordo com os locais por onde eles trafegam", disse Bottura, ex-presidente da Dersa.
Por hora, a CET ainda não se mostra muito entusiasmada com a idéia do pedágio urbano.
Segundo El-Hage, a maior dificuldade para implantar o pedágio é encontrar um valor justo para a tarifa.
Para funcionar, segundo El-Hage, a tarifa não pode ser muito alta a fim de que não vire, na prática, uma proibição de circulação para os pobres. Mas também não pode ser muito baixa a fim de que não seja encarada apenas como mais um imposto pelos ricos.
A principal medida preconizada pela CET para proporcionar um alívio temporário ao trânsito da cidade é o rodízio municipal.
Essa operação poderá entrar em vigor a partir na próxima segunda-feira se a Câmara Municipal aprovar, em duas votações, ainda nesta semana, o projeto de lei da prefeitura que cria o rodízio.
Para Jaime Waisman, especialista em transportes da USP (Universidade de São Paulo), além das restrições de circulação, o poder público tem de investir mais no aprimoramento operacional do sistema viário.
"Medidas como regular os semáforos, melhorar a sinalização horizontal e tapar buracos que, às vezes, chegam a ocupar uma faixa de uma avenida também podem melhorar a fluidez do trânsito", disse Waisman.
Um dos pontos defendidos por Waisman e Bottura é o aumento da fiscalização em locais com estacionamento proibido. "Acho que carro deveria ser proibido de estacionar em rua em que passa ônibus", disse Bottura.

Texto Anterior: CET testa novo critério para medir lentidão
Próximo Texto: Alternativas para melhorar o trânsito de São Paulo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.