São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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Expatriados lideram sonho venezuelano

JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A VALENCIA

Três jogadores exportados pelo Flamengo estão tornado possível o sonho de um time que perambulou 24 anos pela primeira e segunda divisões venezuelanas disputar a Taça Libertadores de América, a mais importante do continente.
O Carabobo Futebol Clube, de Valencia (centro-norte do país), é o segundo colocado no primeiro turno do Campeonato Venezuelano, um ponto atrás do Zulia. Os vencedores de cada turno -Apertura e Clausura- conquistam uma vaga na Libertadores.
Em dez partidas, cinco vitórias, três empates e duas derrotas.
O atacante Cosme, 20, e o meia defensivo Fábio, 19, trocaram o Flamengo pelo Carabobo, há apenas dois meses. Cosme, seis gols, é artilheiro do torneio.
O terceiro desfruta de maior prestígio. Pintinho, 21 -que aos 14 recebeu as chuteiras de Zico para sucedê-lo no Flamengo-, chegou ao clube em abril.
O Carabobo ainda estava na segunda divisão -na Venezuela, a temporada acontece de agosto de um ano a junho seguinte.
Em 12 partidas, atuando como atacante, marcou nove gols (foi co-artilheiro). Torcida e imprensa locais, apontam-no como responsável pela volta à série principal.
"Aqui, tem jogador tão habilidoso quanto no Brasil. É que eles dão muita pancada", diz Cosme. "Como nós somos brasileiros, estamos ficando mais visados."
Artilheiro no Valencia, Cosme, 1,70 m, já esteve emprestado ao Itaperuna (RJ) e Bragantino (SP).
Jamais disputou uma partida no time principal do Flamengo. "Eles não dão chance. Acho que até hoje pago por erros (fuga de concentração, ausência em treinos ) de quando era moleque."
Em seu primeiro mês, o atacante, salário de US$ 5.000, comprou um automóvel Mitsubishi por US$ 14 mil. As prestações estão sendo pagas pelo presidente do clube e descontadas de seu salário.
"Os dirigentes aqui são novos no futebol. São gente direita, não tem aquela malícia de dirigente brasileiro", diz o meia Fábio, em sua primeira experiência fora do Flamengo. Neste ano, ele chegou a atuar na equipe principal em um Fla-Flu pelo Estadual do Rio e ser reserva em alguns jogos.
Fábio, Cosme e Pintinho foram levados para Valencia pelo ex-jogador do Cruzeiro na década de 70 Dirceu Arruda, há 25 anos trabalhando no futebol local.
Os brasileiros moram num hotel e tem ainda despesas de alimentação bancadas pelo clube.
"A gente tem de tudo. O que pedir, eles dão um jeito de arrumar", afirma Pintinho, cujo empréstimo, assim como dos outros, termina em maio do próximo ano.

O jornalista José Alan Dias viajou a convite da Confederação Brasileira de Vôlei

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