São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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Capital estrangeiro amplia sua presença

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da presença do capital estrangeiro na economia é um dos movimentos mais marcantes do primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O volume de investimentos externos diretos no país aumentou pouco mais de sete vezes entre 1994 e 1997: passou de US$ 2,6 bilhões para US$ 18,7 bilhões.
O ano de 1998 deve fechar com a cifra de US$ 23 bilhões, segundo estimativa da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais).
A presença estrangeira também pode ser medida por sua participação no capital das companhias existentes no país.
Estudo da Sobeet indica que, entre 1994 e 1998, duplicou a participação do capital estrangeiro no patrimônio líquido das empresas. Em 1994, esse valor era de US$ 65,9 bilhões. Até o final de 1998, deve alcançar US$ 129,4 bilhões. "É um salto enorme", diz Octavio de Barros, diretor-técnico da entidade.
Os investimentos externos em Bolsas e em aplicações de renda fixa também aumentaram. Somavam US$ 25,2 bilhões em 1994, chegaram a US$ 53,3 bilhões em 1997 e devem diminuir para US$ 38,4 bilhões neste ano.
A queda é atribuída por Barros à crise internacional, que provocou retração dos investimentos em mercados emergentes.
O grande volume de investimentos não evitou o desequilíbrio nas contas externas do país.
As exportações superavam as importações em 1994. No ano seguinte a situação inverteu-se. Em 1997, as importações representaram 10,19% do PIB (soma das riquezas produzidas no país) e, as exportações, 7,56%.
Há quatro anos, 74,7% das máquinas e equipamentos comprados no Brasil eram nacionais. Apenas 25,3% eram importadas. Em 1997, 58,8% eram nacionais, e 41,2%, compradas no exterior.
O aumento de investimentos estrangeiros teve como efeito colateral o crescimento das remessas de lucros e dividendos para o exterior -outro fator de desequilíbrio das contas externas.
As remessas saltaram de US$ 2,9 bilhões em 1994 para US$ 6,5 bilhões no ano passado. Em 1998, devem chegar a US$ 7,1 bilhões, segundo estimativa da Sobeet.
"O país mudou seu modelo de desenvolvimento nesta década. Saiu da economia fechada para um sistema aberto", diz Raul Velloso, especialista em contas públicas.
Nos quatro anos de governo FHC, o Brasil também ganhou a disputa por investimentos norte-americanos na América Latina.
Dados do Departamento de Comércio dos EUA levantados pela Sobeet indicam que, em 1994, o México recebeu mais recursos daquele país que o Brasil: US$ 4,5 bilhões contra US$ 3,3 bilhões.
No ano seguinte a situação se inverteu, principalmente em razão da crise mexicana. Os EUA investiram US$ 7 bilhões no Brasil e US$ 3 bilhões no México. Em 1997, foram US$ 6,5 bilhões e US$ 5,9 bilhões, respectivamente.
(CT)

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