São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998
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8 milhões serão vacinados contra febre

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O temor de que a febre amarela urbana -erradicada do país desde a década de 40- retorne às cidades brasileiras obrigou o Ministério da Saúde a montar uma campanha de vacinação para imunizar 8 milhões de pessoas.
A campanha começa na semana que vem pelo Estado do Mato Grosso, disse ontem à Folha Jarbas Barbosa, diretor do Centro Nacional de Epidemiologia da FNS (Fundação Nacional de Saúde). Também haverá vacinação em mais 10 Estados e parte do Estado de São Paulo.
O medo da reurbanização da febre amarela tem duas razões: os surtos de dengue notificados este ano no Brasil, com focos de mosquitos espalhados pelos principais centros urbanos, e um surto da febre amarela notificado no final do ano passado na Bolívia.
No Brasil têm sido notificados apenas casos de febre amarela silvestre, que ocorrem em regiões de matas. Mas se um portador de febre amarela silvestre estiver em um centro urbano e for picado pelo Aedes aegypti, mosquito que transmite a dengue, o mosquito passa a ser também um transmissor da febre amarela a outros moradores da cidade, disseminando-a no ambiente urbano.
Em janeiro, municípios brasileiros que fazem fronteira com a Bolívia tiveram a vacinação intensificada. Com o avanço da dengue, os técnicos temem agora que o mosquito leve a febre amarela aos centros urbanos.
A segunda área a ser imunizada inclui 600 municípios da Amazônia Legal e da região Centro-Oeste considerados de risco, seja por registrarem notificações anteriores de febre amarela, seja por terem focos do mosquito.
Em junho, a campanha contra a febre amarela chegará à terceira área de risco: os municípios do noroeste paulista que integram a ferrovia entre Bauru (a 345 km de São Paulo) e Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia.
Em todos esses municípios da Amazônia, do Centro-Oeste e do noroeste paulista já há vacinação rotineira contra febre amarela, mas a cobertura é considerada abaixo da desejável. Em alguns, apenas 60% estão imunizados.
"Hoje, a vacinação contra febre amarela é recomendada, mas muita gente não se imuniza. Vamos fazer uma campanha em massa, alertando para o risco", afirmou Jarbas Barbosa.
A febre amarela provoca hemorragias e insufuciência renal. Em 96 foram registrados 15 casos da doença, 13 deles com morte. Houve três casos em 97 e um em 98.
A vacina tem validade de dez anos e pode ser aplicada em pessoas a partir dos seis meses de idade. A Fundação Oswaldo Cruz produz a vacina contra febre amarela utilizada no Brasil.

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