São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998
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Situação social dos negros melhorou

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Memphis era uma cidade segregada quando Martin Luther King Jr. foi assassinado ali. Agora, negros são a maioria na Câmara de Vereadores. O chefe de polícia e o secretário da Educação, entre outras autoridades, são negros.
Em todos os EUA, a situação social dos negros é muito melhor hoje do que há 30 anos. Em 1968, só 10% das famílias negras tinham rendimentos de classe média (acima de US$ 35 mil anuais em dólares de 1998). Atualmente, essa porcentagem é de 35%. Em 1968, 3% dos negros tinham formação universitária. Agora, eles são 13%.
Em comparação, 24% dos brancos concluem faculdade e quase 70% deles têm vencimentos de classe média. O salário médio dos brancos é 65% superior ao dos negros, e os bens da família média branca são dez vezes maiores que os da família negra média.
É o mesmo na representação política: embora sejam 13% da população, os negros são apenas 9% da Câmara dos Representantes (deputados) e 1% do Senado.
Ação afirmativa
O sucesso relativo dos negros nas últimas três décadas tem feito muitos líderes, inclusive alguns negros, acharem que chegou a hora de uma reavaliação na política de ação afirmativa, introduzida no país em 1970 pelo presidente Richard Nixon, para assegurar lugares para pessoas negras em universidades e em repartições públicas.
O Estado da Califórnia já acabou com a ação afirmativa em seu sistema de ensino superior, numa decisão tomada em plebiscito realizado em 1996.
O resultado é que a participação de negros entre os calouros do ano escolar 1997-1998 nas mais prestigiosas universidades do Estado caiu 66%, revelou-se esta semana.
A maioria dos negros ainda acha necessário manter a política de ação afirmativa.
Mas um número cada vez mais crescente de brancos acredita que ela é uma forma de racismo inverso, que prejudica uma parcela da população em benefício de outra apenas por causa da cor.
Apesar da maior riqueza dos negros nos EUA, o país continua segregado, embora seja verdade que os negros, ao contrário dos tempos de Luther King, se transformaram nos principais promotores dessa segregação ao exigirem tratamento diferenciado e ao se isolarem, por iniciativa própria, em grupos de seus iguais nos ambientes multirraciais.
(CELS)

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