São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Infarto mata aos 43 anos Luís Eduardo Magalhães, líder do governo na Câmara

Deputado do PFL-BA era filho de Antonio Carlos Magalhães

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), 43, morreu ontem às 20h, cerca de sete horas após sofrer um infarto do miocárdio em Brasília.
No início da tarde, ele foi internado no Hospital Santa Lúcia, em Brasília. Antes de morrer, o deputado foi medicado e submetido a uma cineangiocoronariografia, exame destinado a mapear qual artéria está obstruída no coração -só que seu quadro se agravou, levando à morte.
O exame estava sendo coordenado pelo cardiologista Bernardino Tranchesi Jr., o mesmo que cuidou do ministro Sérgio Motta (Comunicações) até sua morte, ocorrida no domingo à noite. Tranchesi havia sido chamado às pressas de São Paulo.
Filho do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Luís Eduardo era pré-candidato favorito ao governo da Bahia nas eleições de outubro. Além disso, era apontado dentro do PFL como o principal concorrente do partido à Presidência da República na eleição de 2002.
No ano passado, a atuação no trâmite das reformas constitucionais valheram a Luís Eduardo Magalhães o apelido de "primeiro-ministro de fato" pela revista norte-americana "Time".
A morte de Luís Eduardo foi anunciada pelo porta-voz do Senado, Fernando César Mesquita.
Ao se aproximar dos jornalistas, que estavam de plantão no hospital, ele fez um sinal de negativo, com o polegar para baixo. Logo depois, diante das perguntas dos jornalistas, confirmou a morte.
O deputado sentiu-se mal depois de fazer uma caminhada. ACM disse que Luís Eduardo caminhou 11 quilômetros entre 11h30 e 12h30, mais do que os 6 ou 8 quilômetros habituais.
"Hoje (ontem) ele achou que estava mais gordo. Ele tem o hábito de andar para manter a forma, o que acho exagerado", disse ACM à tarde, depois da internação.
O senador contou que Luís Eduardo começou a se sentir mal depois que chegou da caminhada.
"Ele tomou café com leite, como sempre, sentiu suores e incômodo no corpo. Telefonou-me e eu percebi que a voz dele estava diferente. Ele falou que estava indo para a Câmara. Eu preferia que ele viesse para o Santa Lúcia."
ACM afirmou que o filho ficou muito emocionado com a morte do ministro Sérgio Motta (Comunicações), enterrado na segunda-feira. "Todos nós sentimos (a morte de Motta), mas ele sofreu mais porque tinha uma relação maior do que nós tínhamos.".
Luís Eduardo fumava dois maços de cigarro Charm por dia. Era hipertenso e já havia passado mal quando era presidente da Câmara (95 a 97), ocasião em que médicos detectaram alta taxa de colesterol.
Por recomendação médica, aos poucos ele vinha tentando administrar o uso da bebida. Trocou o uísque, que fazia subir a sua pressão, por vinho branco. Passou depois para vodca sueca e, ultimamente, contentava-se em tomar champanhe.
O deputado e médico Agnelo Queiroz (PC do B-DF), que esteve no hospital à tarde, afirmou que o infarto de Luís Eduardo foi na área do coração voltada para o diafragma, segundo lhe relataram os médicos do hospital.
O deputado e médico Adylson Motta (PPB-RS) foi ao hospital e também confirmou o infarto do líder, que havia sido anunciado primeiramente pelo médico José Luiz Veloso, chefe do Serviço Médico da Câmara.
Assustado com a repercussão das declarações do médico da Câmara, confirmando a suspeita de infarto, Antonio Carlos Magalhães deu uma entrevista desautorizando as declarações do médico.
Às 18h, Luís Eduardo já estava sendo atendido por Tranchesi. No momento da morte, ACM esperava pelo resultado do exame do filho sentado à porta da UTI.

LEIA MAIS sobre Luís Eduardo Magalhães das págs. 1-5 à 1-13

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