São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Desestatização atrai espanhóis

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso, nas declarações ao chegar a Madri, fez o trivial elogio ao bom momento das relações Brasil/Espanha, que "hoje já são melhores, e vão melhorar mais".
Desta vez, no entanto, o discurso protocolar retrata a realidade ao menos parcial: do ponto de vista econômico, a Espanha tem se aproximado bastante do Brasil, como parte de seu avanço em toda a América Latina.
Os capitais espanhóis formam a segunda maior fatia (4,4%) na compra dos US$ 47 bilhões de ativos privatizados desde 1991 a 1997. Perdem apenas para os capitais norte-americanos (17%).
Virá muito mais dinheiro espanhol em 1998, "a julgar pelo que dizem à embaixada os responsáveis pelas maiores empresas espanholas, como a Telefónica de España, o Banco Bilbao Vizcaya, a Endesa (energia elétrica) e a Iberdola", diz comunicado emitido pela Embaixada do Brasil.
O governo brasileiro acha que a presença espanhola no Brasil é "crucial para a consolidação dos investimentos já realizados em países vizinhos, sobretudo Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile".
O comércio bilateral também aumentou. No ano passado, foi de US$ 2,2 bilhões, com pequeno saldo (inferior a US$ 100 milhões) para a Espanha.
E mudou de rosto: o comércio agora "obedece à lógica da multinacional", diz o embaixador Carlos García. Exemplo: autopeças passaram a ser componente importante das trocas, em ambos os sentidos, dado o fato de que os chamados veículos mundiais.
No território político, no entanto, a aproximação entre os dois países é menos acentuada, a ponto de a Chancelaria espanhola considerar o Brasil o "grande ausente" da sua política externa.
Há até uma divergência de enfoque: a Espanha, que inventou as cúpulas ibero-americanas, gostaria de institucionalizar esse foro.
O Brasil, ao contrário, vê tais cúpulas como um exercício menor, até porque elas não tratam de negócios.
(CR)

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