São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Água mineral melhora estado de saúde de presos, afirma médico

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sequestradores do empresário Abílio Diniz, em greve de fome há dez dias, apresentaram pequena melhora do quadro de saúde ontem, depois de trocarem a ingestão de água da torneira por água mineral.
Segundo Paulo César Sampaio, diretor do departamento de saúde do sistema penitenciário, a água da torneira contém muito cloro que, em contato com o ácido clorídrico produzido pelo estômago, estava causando gastrite entre outras sintomas nos presos.
A determinação de trocar a água da torneira por água mineral foi do próprio médico do sistema penitenciário. Os presos começaram a ingerir água mineral anteontem.
Reservas musculares
Sampaio diz que todos tiveram melhora de sintomas. Exame de sangue de corpos cetônicos (que detecta a quantidade de reserva muscular de proteína e gordura que o organismo está usando) realizado ontem nos dez sequestradores mostrou índices melhores do que em exames anteriores.
Ou seja, as reservas musculares no organismo dos sequestradores estão demorando mais para ser gastas, o que é um bom sinal.
No entanto, o exame de ontem revelou que todos eles tiveram queda nos batimentos cardíacos. A maior queda ocorreu com o chileno Hector Ramon Tapia, que passou de cem batimentos cardíacos (antes da greve de fome) para 64.
Outros três presos, o chileno Pedro Lenbach (antes com 88 batimentos por minuto), o brasileiro Raimundo Costa Freire (antes com 86) e o canadense David Spencer (antes com 84) apresentaram os batimentos mais baixos: 60 por minuto.
Segundo o médico, as consequências da queda dos batimentos variam com o organismo do paciente. "Esses índices ainda não são muito preocupantes. A queda já era esperada porque todos eles reduziram as atividades corporais", explicou o médico. "Mas a queda da frequência cardíaca acaba gerando mais cansaço e fraqueza. Em situações preocupantes, causa desmaios frequentes", diz.
Emagrecimento
Os sequestradores emagreceram até ontem, entre 3,3 kg e 5,4 kg.
Os que mais perderam peso foram Humberto Paz e Hector Tapia (5,4 kg), Raimundo Freire e Sérgio Urtubia (5,3 kg).
Urtubia é um dos que mais inspira cuidados. Ele já teve vômitos, sudorese e fraqueza generalizada.
Ontem, segundo Sampaio, Urtubia só apresentava fraqueza, mas com menor intensidade.
A chilena Maria Emília Marchi, outra que inspira cuidados, também parou de vomitar (água) e não apresentou mais febre. Ela permanece com tonturas esporádicas e gastrite fraca.
Sampaio afirmou ontem que não está descartada a possibilidade de aplicar soro nos sequestradores.
"O soro reverte alguns dos sintomas. Mas, pelos quadros apresentados até hoje (ontem), achamos que ainda não há necessidade. Talvez a aplicação do soro se torne necessária em breve", disse.

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