São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Hantavírus pode ter causado a segunda morte em São Paulo

Lavrador do interior morreu 3 horas após internação

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVA GUATAPORANGA

O Instituto Adolfo Lutz confirmou ontem a segunda morte de uma pessoa com sintomas de infecção por hantavírus na região oeste de São Paulo neste ano.
O lavrador Luiz Correia Moreira, 28, morreu anteontem em Tupi Paulista (665 km a noroeste de São Paulo), mesma cidade em que foi registrada a primeira morte provocada pelo vírus -a da professora Neusa Passoni Molina, que morreu no dia 13 de março.
Ela foi a oitava vítima do hantavírus registrada no país desde 1993. Das oito, sete morreram.
O lavrador Moreira morava na zona rural de Nova Guataporanga (675 km a noroeste de São Paulo), próximo a Tupi.
O suposto novo ataque do vírus -encontrado nas secreções de roedores e que pode ser transmitido pelo ar- começou a se manifestar sábado.
Por volta das 11h de anteontem, Moreira já estava morto, depois de ter sentido fortes dores nos rins e vomitado sangue.
Amostras do sangue de Moreira foram levadas ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Os testes devem ficar prontos em 15 dias.
Segundo o médico Ismael Preti, que atendeu Moreira, a morte foi causada por infecção generalizada.
"É cedo para dizer se foi o hantavírus. Pode ter sido dengue hemorrágica ou leptospirose", afirmou o médico.
Desde a semana passada, quando foi confirmada a primeira morte causada pelo vírus no ano, os hospitais e serviços de saúde da região oeste estão em estado de alerta para novos casos suspeitos de contaminação por hantavírus.
Sintomas
O lavrador começou a se queixar de dores no corpo e febre no sábado. Foi a uma farmácia e tomou medicamentos contra febre.
"Parecia uma gripe. Ninguém imaginava que fosse coisa mais grave", conta Ana Moreira, 33, irmã do agricultor.
Segundo ela, o lavrador havia trabalhado durante toda a semana na plantação de café da família. "Meu irmão não parava de suar, mas não tinha mais febre."
Na madrugada do domingo, como os sintomas se agravaram, Moreira foi levado à Santa Casa de Tupi Paulista.
No hospital, segundo sua família, o lavrador tomou injeções, e, como a febre e a dor diminuíram, voltou para casa.
Moreira voltou a sentir dores por volta das 4h de anteontem, quando estava em casa, com a mulher e o filho, de 1 ano e 5 meses.
Ele foi levado à Santa Casa, com tontura e pressão baixa. Três horas depois, estava morto.
Técnicos do Adolfo Lutz estão analisando amostras das vísceras e do sangue de nove ratos capturados em Tupi Paulista, para ver se estão contaminados com o vírus. Os exames devem ficar prontos em 20 dias.

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