São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998
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Segurança nas escolas

ROBERTO FELÍCIO

O assassinato da professora Beatriz Junqueira da Silveira Santos chocou a opinião pública e evidenciou, mais uma vez, a situação de insegurança a que estão submetidos professores, funcionários, alunos e suas famílias.
A Apeoesp vem alertando o governo estadual sobre a violência nas escolas. Em 1996, após tentar por diversas vezes sensibilizar a Secretaria da Educação, a diretoria da entidade esteve reunida com o secretário da Segurança Pública para cobrar providências. Desde então, pouco ou nada foi feito.
Temos a convicção de que a crescente violência a que assistimos em todo o país, sobretudo nas médias e grandes cidades, tem causas estruturais, originadas na política econômica praticada pelo governo federal e pelos governos estaduais que o apóiam.
O desemprego, os baixos salários e o desamparo a que estão submetidas enormes parcelas da população são o caldo de cultura dessa violência, que não será resolvida com simples medidas punitivas e policialescas.
No Estado de São Paulo, iniciativas equivocadas (ou a omissão do governo) têm contribuído para agravar a violência nas escolas públicas. Logo no início de seu mandato, em 1995, o governo dispensou todos os vigias escolares, sem colocar ninguém em seus lugares.
Além disso, a drástica redução do quadro de funcionários deixou a maioria das escolas estaduais sem porteiro ou zelador, ficando à mercê de invasões, depredações e toda sorte de violências.
O trabalho do educador não se resume a ministrar aulas. No cotidiano escolar, assume também o papel de psicólogo, médico, amigo dos alunos. Mas isso o deixa numa situação de grande vulnerabilidade, pois nem sempre seu trabalho é bem compreendido. Esse foi o caso da professora Beatriz, assassinada após ter alertado os pais de uma aluna de 12 anos sobre seu envolvimento com drogas.
Essa situação dramática não pode continuar. Professores, funcionários e alunos precisam de tranquilidade no processo pedagógico. O governo estadual não pode continuar priorizando apenas o corte de gastos públicos e o enxugamento do quadro de pessoal, omitindo-se diante do gravíssimo quadro que se apresenta.
É necessário que se encontrem imediatamente soluções. Por isso, a Apeoesp está reivindicando uma reunião urgente com o governo, para que se estabeleça diálogo aberto e franco com representantes de professores, funcionários e alunos em torno da questão da segurança escolar. Cabe ao governo assumir suas responsabilidades.

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