São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 1998 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Orquestra nova-iorquina abre o Alfa Real
JOÃO BATISTA NATALI
Hoje, a ASO executará obras de Copland, Berstein e Gershwin. Além disso, Carlos Gomes e Villa-Lobos serão interpretados pela Orquestra Sinfônica Brasileira, dirigida por Roberto Tibiriçá. A ASO, sob a direção de Leon Bortstein, terá como solista o pianista brasileiro Arnaldo Cohen. A apresentação de amanhã traz o "Concerto nº 5" de Beethoven, a abertura de "Os Mestres Cantores" de Wagner e a "Sinfonia nº 4" de Tchaikovski. Um programa palatável até para os menos iniciados no repertório. A orquestra norte-americana, baseada em Nova York, é de criação recente. Nasceu em 1962, quando a principal orquestra da cidade, a Filarmônica de Nova York, já tinha 120 anos de carreira. Mas é também um conjunto sinfônico que só bem depois conseguiu definir sua vocação. Seu primeiro regente-titular foi Leopold Stokowski (1882-1977), que montou sua carreira no projeto de levar a boa música às massas potenciais de ouvintes. Nos anos 40 e 50, a idéia se traduziu por casamentos hoje esteticamente inadmissíveis, como a execução de peças barrocas de Johann Sebastian Bach (século 18) por orquestras formatadas para o repertório romântico do século 19. Mesmo assim, foi sob a direção de Stokowski que a ASO realizou algumas audições de importância, como o "Triplo Concerto" (1970) do compositor norte-americano Gian Carlo Menotti. Os regentes seguintes prosseguiram com uma política de programação híbrida, o que subtraiu à orquestra a possibilidade de formar personalidade própria num ambiente musical concorrido. Caindo para o clássico ligeiro, esbarraria em Nova York com a Nassau Pops Symphony. Se pendesse para o repertório mais complexo ou experimental, trombaria com a Filarmônica, com os excelentes músicos do Metropolitan Opera House ou -para citar uma formação quantitativamente menor- com a excelente Orquestra de Câmara Orpheus. A partir de 1992, ao assumir a direção desse conjunto de 95 músicos, Leon Botstein fez uma aposta original. Investiu no repertório norte-americano e optou pela execução de obras raras de autores conhecidos, em programas com uma costura "temática". Um exemplo recente: a 18 de janeiro, a ASO -que está estruturada como "cooperativa de músicos" e não como empresa- montou em oratório a ópera "Helena, a Egípcia" (1928), uma das menos conhecidas de Richard Strauss. Leon Botstein é mais conhecido como musicólogo que como regente. É autor de ensaios muito bons (ambos em coletâneas da Princeton University Press) sobre Bartok e Charles Yves. Concerto: American Symphony Orchestra Quando: hoje, às 20h30; amanhã, às 21h Onde: teatro Alfa Real (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 011/253-2125) Quanto: R$ 60 e R$ 80 Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Programação é híbrida Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |