São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 1998
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Colonos do AM abandonam metade de assentamentos

ALTINO MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM APUÍ (AM)

Diagnóstico preliminar da Superintendência do Incra no Amazonas constatou que pelo menos metade dos lotes existentes nos 853 mil hectares dos projetos de assentamento Juma e Acari (AM) foram abandonados pelas famílias de colonos beneficiadas. No total, são 4.900 famílias que ocupam a área.
"O abandono de lotes já causou ao governo federal um prejuízo de R$ 10 milhões apenas com a inadimplência relativa aos créditos de implantação", afirmou o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Amazonas, George Tasso Calado.
Segundo o Incra, a maioria das famílias que abandonaram os lotes foram assentadas sob pressão do movimento social e não tinham vocação para o campo porque exerciam outras atividades.
Criado em 83, com 692 mil hectares, o projeto Juma (445 km de Manaus) é considerado pelo Incra o maior assentamento da América do Sul. Os créditos pagos a 4.500 famílias somam R$ 16,2 milhões.
Dados baseados em imagens de satélite fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais indicam que, em 15 anos, 6,93% (47,9 mil hectares) da área do Juma sofreu a ação do homem.
Segundo o Incra, a área média desmatada por lote é de 6,3 hectares ou 10,5%, o que corresponde a 50% do limite de 20% permitido para desmatamento de cada lote, numa área média de 60 ha.
O projeto Acari, com 161,7 mil hectares, vizinho ao Juma, foi criado em 92. Já se beneficiaram 923 famílias com créditos que somam R$ 3,6 milhões.
O Incra está investindo R$ 200 mil em uma megaoperação de recadastramento nos dois projetos. Até o final do mês, uma equipe de 73 técnicos estará em campo colhendo dados para um diagnóstico. Com material cartográfico e imagens de satélite, os técnicos obtêm informações geográficas de cada lote e dados sobre o ocupante. Será verificado se o lote está disponível para reassentamento.
O objetivo é fornecer subsídios da situação dos projetos para facilitar o planejamento de futuros assentamentos.

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