São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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Lula empata também no segundo turno

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, empatou com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na simulação de 2º turno feita pelo Datafolha em pesquisa nacional realizada nos dias 8 e 9 deste mês.
O petista, que tinha 42% em maio, chegou a 44%. Isto é, apenas um ponto percentual a menos do que o tucano, que foi de 47% em maio para 45% agora.
Há 2º turno quando nenhum dos candidatos obtém mais votos do que a soma de seus adversários no 1º turno de votação. Pelo levantamento, é o que ocorreria se a eleição fosse hoje.
Na simulação de 1º turno, o petista também empata tecnicamente com FHC. Tem 30%, enquanto o presidente chega a 33%.
A pesquisa foi conduzida pelo Datafolha em 332 municípios de todos os Estados. Foram feitas 12.592 entrevistas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Isso significa que, no 1º turno, FHC pode ter entre 31% e 35%, enquanto Lula está entre 28% e 32%.
Em relação à pesquisa anterior, feita pelo Datafolha em 27 e 28 de maio, a corrida eleitoral evoluiu para um quadro muito mais equilibrado entre os dois presidenciáveis favoritos.
Além dos empates técnicos no 1º e no 2º turnos, FHC e Lula empataram na intenção de voto espontânea (17% a 15%, respectivamente) e na rejeição: 29% não votariam no petista de jeito nenhum, e 27% não votariam no tucano.
No caso da espontânea, Fernando Henrique permaneceu com o mesmo percentual, enquanto o petista passou de 15% para 17%. Na rejeição, Lula foi de 30% para 29%, e o presidente oscilou de 26% para 27%.
Em resumo, FHC e Lula estão praticamente no mesmo patamar de intenção de voto e têm, no cenário atual, um potencial de crescimento semelhante.
O único item da pesquisa no qual o presidente ainda lidera é a expectativa de vitória. Para 49%, Fernando Henrique será reeleito. Só 25% acreditam que Lula será o próximo presidente.
Todos os indicadores têm evoluído para um equilíbrio entre os dois presidenciáveis favoritos. Mesmo a expectativa de vitória de FHC já foi maior: era de 56% em abril, caiu para 52% em maio e chegou a 49% agora. Ao mesmo tempo, os que prevêem a eleição de Lula passaram de 14% (abril) para 25% (junho).
1º turno
Na simulação de 1º turno, em duas semanas FHC passou de 34% para 33%, enquanto Lula permaneceu com 30%.
Em dez das mais populosas unidades da Federação, onde a base pesquisada é grande o suficiente para que haja resultados locais, FHC lidera em quatro, Lula em duas, Ciro Gomes (PPS) em uma e há empate entre o petista e o tucano em três.
A maior vantagem de Lula está entre os gaúchos: 46% a 26%. A maior diferença a favor de FHC está no Paraná: 44% a 29%. Em São Paulo, Bahia e Santa Catarina há empate técnico.
O Estado mais atípico é o Ceará, onde o governador é o tucano Tasso Jereissati. FHC aparece em terceiro, com apenas 15%. Está atrás de Ciro (39%) e de Lula (28%).
No Sudeste, o presidente foi de 31% para 32%, e o petista cresceu de 28% para 31%. No Sul, FHC continua com 34%, mas Lula passou de 35% para 37%. No Nordeste, Fernando Henrique caiu seis pontos e está agora empatado com Lula: 30% a 29%.
Na divisão do eleitorado por natureza do município há mais equilíbrio. Caiu a vantagem de Lula nas regiões metropolitanas, de 11 para 7 pontos percentuais. A diferença a favor de FHC no interior foi de 13 para 9 pontos.
No grupo dos mais pobres permanece o empate técnico, mas entre os eleitores com renda média a vantagem de FHC caiu: 36% a 31%. A dianteira do tucano era de sete pontos há duas semanas.
Entre os que têm renda superior a 20 salários mínimos, o presidente ainda lidera com 12 pontos a mais do que Lula: 39% a 27%.
Na simulação de 1º turno, a variação mais significativa ocorreu entre os eleitores mais velhos, com idade superior a 60 anos.
Foi a única faixa etária em que a vantagem de FHC, em vez de cair, aumentou: de 3 para 9 pontos percentuais. Mas não foi o presidente que cresceu. Foi Lula que caiu, de 29% para 23%.
É possível que parte dos eleitores que haviam migrado de FHC para o petista (por conta de o presidente ter chamado de "vagabundo" quem se aposenta antes dos 50 anos) tenha se arrependido. Esses eleitores dizem, agora, que vão anular ou votar em branco.
2º turno
Se o 2º turno fosse hoje, Lula bateria FHC entre os mais escolarizados (45% a 39%, entre os que têm nível superior) e nas regiões metropolitanas (50% a 39%).
Já o presidente levaria vantagem sobre o petista no Norte/Centro-Oeste (51% a 40%), nas cidades do interior (48% a 40%), entre os com renda familiar superior a 20 salários mínimos (50% a 40%), e entre os com mais de 60 anos de idade (46% a 36%).
Na divisão por gênero, FHC tem 44% contra 46% de Lula entre os homens. Entre as mulheres, eles estão no limite de um empate técnico: FHC 45%, Lula 41%.

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