São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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Brasil na 2ª fase pode levar SP ao caos

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo corre o risco de travar, literalmente, caso o Brasil passe para a segunda fase da Copa. A previsão, nada otimista, é do engenheiro de tráfego Antonio Carlos Rissardo, gerente de apoio a operações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A situação deverá se agravar, avalia Rissardo, porque vai aumentar a concentração dos deslocamentos, pois as pessoas estarão mais mobilizadas pelos jogos. Ou seja: todos vão querer ir para casa ou sair dela no mesmo horário.
"À medida que a coisa for afunilando, a situação será totalmente diferente. Estamos prevendo o pior. Se a seleção passar para a segunda fase, a coisa vai tomar um vulto muito grande. Aí, é rezar. Não tem muita coisa previsível para se fazer", disse o engenheiro.
A "coisa" -talvez seja realmente essa a melhor definição para os intermináveis congestionamentos de São Paulo- poderá ficar mais feia ainda nas quartas-de-final.
Isso porque o Brasil, caso chegue nessa fase, jogará em uma sexta-feira (3 de julho), dia da semana com o pior trânsito. O que pode mudar é o horário: 11h30 ou 16h.
"Às 16h, fica um pouco mais fácil. Se for às 11h30, pode convulsionar a cidade. Vai travar tudo. Os congestionamentos poderão ser monstruosos. Vamos tentar viabilizar o que der", disse Rissardo, sinalizando que muitos paulistano vão ter que se contentar em ouvir o jogo pelo rádio do carro.
Nas semifinais, os problemas poderão ter proporções ainda maiores. "Afinal, é uma semifinal", afirmou o engenheiro. Dependendo dos resultados, o Brasil poderá jogar terça (dia 7) ou quarta-feira, sempre às 16h. A previsão? "Mais congestionamentos monstro." Por sorte, avalia um aliviado Rissardo, a final será em um domingo. Nesse caso, os problemas no trânsito ficam apenas por conta das comemorações.
"A gente fica pessimista porque é uma coisa -nesse caso a paixão do brasileiro pelo futebol- incontrolável. Que Deus nos ajude. Espero que as previsões dêem errado, como aconteceu no primeiro jogo, onde o maior engenheiro de trânsito foi o feriado", afirmou Rissardo.
Na quarta-feira passada (Brasil 2 x 1 Escócia), a CET esperava que houvesse quatro picos de congestionamento durante o dia. Aconteceram apenas dois, pois muita gente viajou durante a noite anterior por causa do feriado de Corpus Christi, na quinta-feira.
"Surpresa: fizemos um esquema fabuloso, que não deu em nada. O movimento se diluiu."
Como torcedor, o engenheiro é mais otimista -aguarda uma campanha triunfal da seleção rumo ao título. "O brasileiro precisa disso, está muito carente."

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