São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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Juro na CEF cairá de 12,68% para 11,02%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A Caixa Econômica Federal (CEF) não vai reduzir as taxas de juros em suas linhas de crédito imobiliário de 12% para 10,5% ao ano, e a razão é simples: não cobra 12% nem vai cobrar 10,5%.
Isso fica claro nos exemplos distribuídos pela CEF para demonstrar quanto vai cair a prestação após a recém-anunciada redução dos juros de 12% para 10,5% no chamado Poupanção, pelo qual o interessado poupa para receber o crédito um ano depois.
Quando a instituição informa esses percentuais, está se referindo a taxas nominais. O juro mensal que entra no cálculo da prestação é o anual dividido por 12, o que resulta, no caso, em taxas efetivas superiores a 12% ou 10,50%.
A taxa efetiva é a que de fato interessa ao bolso do mutuário, lembra o matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho.
Os exemplos da CEF para diversos valores e prazos de financiamento concedido com recursos próprios -fora, portanto, do SFH tradicional- mostram que os juros de 12% (mais a TR) são na realidade de 12,68% ao ano, resultado da capitalização de 1% ao mês.
São esses os juros cobrados, por exemplo, por construtoras e incorporadoras que oferecem planos diretos. Elas aplicam 1% ao mês mais um índice setorial de inflação como o INCC ou o CUB-Sinduscon, ou mesmo um geral, o IGP-M.
Para que os juros de 12% ao ano sejam efetivos, a taxa mensal precisa ser de 0,9489%, e não de 1%.
Os exemplos da CEF mostram que a taxa de 10,50% ao ano do Poupanção também é nominal. O juro é de 0,8750% ao mês, o que dá 11,02% efetivos ao ano, e não de 0,8355%, que equivaleriam a 10,50% efetivos ao ano.
A diferença entre 0,9489% e 1% é pequena, mas é bom lembrar que o limite de 12% na faixa tabelada do SFH, que todos conhecem mais de perto, é de taxa efetiva.
O tamanho da diferença
A queda de 12% para 10,5% é de 1,5 ponto percentual. Se comparada a taxa efetiva de 12% no SFH com a nova do Poupanção, a diferença é de 0,98 ponto, apenas.
Num financiamento de R$ 50 mil em 10 anos, com juros de 0,9489% ao mês, a prestação básica (sem seguro etc.) fica em R$ 699,74 por mês, se calculada pela Tabela Price.
No mesmo exemplo, mas com juro de 1% ao mês, a prestação inicial sobe para R$ 717,35.
A diferença de R$ 17,61 não é desprezível. Equivale, por exemplo, ao dobro que a própria CEF (Sasse) cobra de seguro para danos físicos em imóvel avaliado em R$ 50 mil. E metade do de vida.
Capitalizados a 1% ao mês, os R$ 17,61 chegam a R$ 4.050,98 após dez anos de contrato.

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