São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998 |
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Ponto sem volta
ALBERTO HELENA JR. Dizem-me os companheiros que estes meus relatos andam ácidos demais. É possível, mas não intencional. Talvez, escapem à realidade que vivemos após a vitória sobre a Escócia e em plena expectativa do jogo contra Marrocos.No treino de sexta-feira, por exemplo, a sensação que os jogadores me passaram é a de alegre descontração e uma boa dose de camaradagem. E isso, numa Copa do Mundo, é fundamental, embora alguém já dissesse que a tal de união do grupo só acontece mesmo é na vitória. O único meio jururu me pareceu Giovanni, com quem travei um breve diálogo à cerca que nos separa do campo de treinamento em Ozoir. Resumindo, Giovanni me disse que considera precipitado fazer-se um julgamento de seu futebol por apenas um tempo de jogo, ainda mais numa estréia de Copa do Mundo. Pode ser, mas o fato é que Zagallo, embora reconheça que podia ter sido apenas um mau dia do jogador -o que não exclui seu aproveitamento no jogo contra Marrocos- , é da turma que considera seleção um ponto sem volta: quem tem meia chance deve aproveitá-la. Mas não é sobre isso que quero falar. Quero falar do temor que me inspira essa dupla de zagueiros, que segue jogando em linha, sobretudo, diante de um adversário que, se não tem griffe, é veloz e hábil no contragolpe, principalmente quando a bola é lançada em profundidade para Mustafá Hadji, lá naquele buraco às costas de Cafu e de César Sampaio, que Giovanni tentou cobrir. No treino de sexta, foi aquela alegria, mas cadê o treinamento para essa zaga? Pronto, lá vou eu a despencar para o soturno tom que tem caracterizado esses comentários e do qual, pelo menos hoje, quero me livrar. Deixa pra lá. Zagallo haverá de dar um jeito nisso. E nós vamos, afinal, buscar esse caneco, com Giovanni aproveitando a outra meia chance na pequena fresta aberta pelas declarações de Zagallo. Mas, se me fosse dado um conselho ao craque do Barcelona, olharia bem nos seus olhos e remataria: tudo bem, vais ter outra oportunidade, mas deixa a marcação para o César Sampaio, e vê se joga o teu futebol, pô! Texto Anterior: Copa do Mundo é assim Próximo Texto: Don Giovanni Índice |
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