São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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Seles inova com não-preparação

FERNANDA PAPA
DA REPORTAGEM LOCAL

Monica Seles, 24, quinta tenista do ranking mundial, tirou a semana, depois da final do Aberto da França, em que perdeu para a espanhola Arantxa Sanchez-Vicario, para treinar em quadra de grama, na Inglaterra.
Pensando em Wimbledon, terceiro torneio do Grand Slam que começa no dia 22, em Londres, Seles inovou, neste ano, não jogando eventos preparatórios.
Buscou também um pouco de tranquilidade ao lado da mãe e do irmão, na cidadezinha de New Hempton. Até sexta-feira, só tinha conseguido bater bola em quadra coberta, por causa da chuva.
Quase tudo bem para a tenista ex-número um do mundo, que deu a graça de seus golpes e o barulho de seus gritos em quadra, em mais uma final de Grand Slam -sua 16ª-, no último domingo.
Para quem não se lembrava direito de Seles, iugoslava naturalizada norte-americana em 94, afastada do circuito entre 93 e 95 depois de receber facada nas costas, e que nos últimos anos conviveu com o câncer de seu pai Karolj -morto há quatro semanas-, ela voltou. Ou está tentando.
*
Pergunta - Como foi sua semana depois da final do outro domingo?
Monica Seles - Incrível. Foi até uma surpresa a quantidade de gente que veio me dar força. Em Paris e agora na Inglaterra, tem sido maior que nas vezes em que, de fato, venci no Grand Slam.
Pergunta - Em alguma outra situação você já tinha recebido tanto apoio do público e dos amigos?
Seles - Só comparo este momento com o Torneio de Toronto, em 1995, quando voltei a jogar depois da ausência devido à facada.
Pergunta - O fato de as teens estarem chegando tão longe e tão cedo empurra tenistas como você e Arantxa a se esforçar mais?
Seles - Acho que não. Não vejo muita diferença de como o jogo era quando eu e Jennifer (Capriatti) chegamos e também éramos vistas como ameaças para as tenistas mais velhas. Acho que quando a Steffi (Graf) e a Gabi (Gabriela Sabatini) entraram no circuito, também significavam algum tipo de desafio para Chris Evert, Martina Navratilova. É normal.
Pergunta - A chegada das teens não mudou a atmosfera do tênis?
Seles - A diferença é que agora são cinco fenômenos (Martina Hingis, Venus e Serena Williams, Anna Kournikova e Mirjana Lucic), antes era um ou dois. Mas não posso falar muito sobre isso porque nesse último ano eu não acompanhei direito o circuito.
Pergunta - Como você vê o jogo agora? Parece que está disposta a voltar à sua velha forma.
Seles - É tudo diferente. Fiquei um bom tempo sem pegar na raquete, tive problemas na família. Deixei o circuito aos 19 anos, contra a minha vontade. Agora, aos 24, estou tentando voltar, quero me dedicar de novo.
Pergunta - O fato de as "mais velhas" ainda estarem jogando bem é importante para o tênis?
Seles - Sem dúvida. Estamos falando de personalidades distintas, em diferentes pontos de suas carreiras. As mais jovens ainda têm muito o que jogar para estar onde estivemos. É importante que elas percebam isso, como eu percebi na época da Martina (Navratilova).
Pergunta - Você "desabou" depois da final de domingo passado?
Seles - Não. Sei que isso pode acontecer em algum momento, é difícil me manter concentrada 100% com a perda do meu pai (voz de choro). Espero que não aconteça antes de Wimbledon. Depois a gente vê.

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