São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998
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EUA não narram gol do Brasil

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA EM NOVA YORK

O primeiro gol da Copa passou impune na ESPN americana. Ao que parece, os comentaristas ainda não aprenderam as regras básicas do esporte mais popular do mundo. E silenciaram diante da bola na rede do Brasil.
Nos EUA, a Copa não é destaque, e as transmissões que não gritam gol mais parecem de golfe.
Apesar de estar competindo na França, de ter sediado o último Mundial, de estar investindo no esporte que vai ganhando adeptos entre as crianças, o país dedica toda a sua atenção às finais da NBA na TV.
A ESPN anuncia Ronaldo como "a maior estrela do esporte mundial". Mas, no dia-a-dia, o rei é mesmo Michael Jordan.
O Brasil é o assunto da cobertura da Copa -o que não é muito neste país que, de quatro em quatro anos, fica estranhamente alienado do resto do mundo.
A ESPN apresentou um longo clipe sobre Ronaldinho. A Univision, em língua espanhola, exibiu um video sobre Zagallo.
Os apresentadores do "Despierta América" arriscaram seus palpites em uma aposta sobre quem seria o time vitorioso. Em sua primeira reportagem de peso sobre o torneio, o "The New York Times" comentou o alto índice de exigência dos brasileiros em relação à seleção e trouxe declarações de Zagallo, Leonardo e Bebeto sobre os conflitos no time.
A propaganda mundial da Nike aposta na seleção canarinho embalada na melodia exótica da língua portuguesa.
As festividades dos brasileiros no exterior, que escolhem restaurantes nacionais como o Plataforma em Nova York para acompanhar a seleção, também merecem cobertura.
Os primeiros jogos da Copa foram transmitidos apenas pelo canal a cabo ESPN e pela Univision. Ontem a rede aberta AB passou a transmitir o espetáculo que deve atrair a maior audiência mundial de todos os tempos. A emissora se prepara para a estréia da seleção americana amanhã.
Infelizmente para um país que ensaia seus primeiros passos no esporte, o time dos EUA estréia contra a Alemanha. Com modéstia estratégica, os americanos limitam seus objetivos a passar à segunda fase da Copa.
O futebol começa a penetrar na sociedade americana. "Soccer moms" é como ficaram conhecidas certas eleitoras democratas nas últimas eleições presidenciais.
A expressão designa mulheres liberais, de classe média, brancas, moradoras dos subúrbios ricos das grandes cidades, que levam seus filhos ao treino de futebol. Acalentados pelas "soccer moms", os americanos pretendem um dia chegar lá.

E-mail: ehamb@uol.com.br

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