São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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FHC aumenta os subsídios para agricultura familiar

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo aumenta hoje de R$ 1,6 bilhão para R$ 2,5 bilhões os recursos do Pronaf, crédito subsidiado para a agricultura familiar, com o objetivo de tentar diminuir o desemprego no país.
A medida atende à promessa feita anteontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso durante comícios realizados em Altamira e Tucuruí, no Pará. Ele disse que vai "derrubar o desemprego", apontado como uma das principais causas da queda de sua popularidade.
Cerca de 5,4 milhões de postos de trabalho foram eliminados no campo durante o período de 1985 a 1996, segundo dados preliminares do Censo Agropecuário do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O aumento dos recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) pretende socorrer um dos setores mais atingidos pela política de importação de alimentos -os agricultores com propriedades de até 50 hectares.
Os recursos do Pronaf têm juros de 6% ao ano (metade da taxa para a compra da casa própria). No caso de empréstimo tomado para investimentos, os beneficiados têm direito a desconto de 50% se pagarem as prestações em dia.
Segundo o Censo Agropecuário, que deve ser concluído em julho, cerca de 80% dos postos de trabalho foram eliminados em 11 anos justamente nas propriedade de até 50 hectares -tamanho máximo dos lotes entregues pelo governo a famílias assentadas pelo programa nacional de reforma agrária.
Em 1985, o Censo Agropecuário registrou 23,4 milhões de postos de trabalho no campo.
Até julho de 1996, os dados levantados pelo IBGE em 22 Estados indicam a existência de apenas 18 milhões de postos de trabalho.
Segundo o ministro Francisco Turra (Agricultura), estudos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) indicam que a aplicação de R$ 1 milhão no campo gera 297 empregos. Aplicado na indústria, esse mesmo valor gera apenas 12 empregos.
Em 1996, dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios) realizada pelo IBGE indicaram que os postos de trabalho no campo diminuíram para 16,6 milhões.
"Parece que ainda não chegamos ao fundo do poço", afirmou à Folha o gerente do Censo Agropecuário do IBGE, Antonio Carlos Florido. "Se a atividade rural não for de alta rentabilidade, a pequena propriedade é inviável", disse.
Segundo Florido, a principal causa da redução de postos de trabalho no campo pode ser a liberação da importação de alimentos.

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