São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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Governo afirma que greve visa eleições

MEC tenta aprovar projeto de lei de gratificação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo assumiu ontem um discurso unificado, acusando a greve dos professores de ter se tornado um movimento político-eleitoral. O objetivo é tentar reverter o desgaste que vem sofrendo por não conseguir pôr um fim na paralisação, que já dura 79 dias.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), disse, por exemplo, que o presidente Fernando Henrique Cardoso considera que a greve dos professores universitários é um movimento político, com objetivo de atingir as eleições.
"Existe um interesse eminentemente político", disse Aécio Neves. "O presidente acha que o governo chegou ao seu limite", afirmou ele, após sair de uma reunião com FHC, no Palácio do Planalto.
Anteontem, 14 professores iniciaram, em Brasília, greve de fome por tempo indeterminado. Ontem, mais um docente se juntou a esse grupo.
O objetivo original da greve de fome era pressionar o governo pela liberação dos salários de maio, que estavam retidos. Mas o governo anunciou o pagamento dos salários antes de o ato ter início.
Os docentes, então, mudaram o objetivo da greve de fome, que passou a ser pela retirada do projeto de lei do governo de conceder gratificações diferenciadas aos professores.
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, também disse ontem que a paralisação é "política". Segundo ele, a mudança de objetivo da greve de fome demonstrou que a meta é atingir o governo.
Resistência no Congresso
O problema é que o projeto de lei do governo, além de não agradar a liderança grevista, enfrenta resistência no Congresso, tanto na base governista quanto na oposição.
Os líderes governistas planejavam aprovar, em sessão na noite de ontem, urgência para votação do projeto. Mas, até as 19h, não havia quórum na Câmara.
Caso o governo não conseguisse votar o pedido de urgência ontem, uma sessão extraordinária seria marcada para hoje.
Paulo Renato disse aos líderes que o projeto deve ser votado como foi enviado ao Congresso, sem negociações.
"Como vou fazer um acordo com quem não faz acordo comigo?", declarou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).

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