São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998 |
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Não há condições para Alca, diz Lampreia
AUGUSTO GAZIR
Hoje e amanhã, em Buenos Aires, se realizam os primeiros encontros dos Comitês de Negociação do Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que começaria a funcionar a partir de 2005. "No momento é muito prematuro esperar que possam haver negociações sérias e profundas porque não há condições políticas para isso", disse Lampreia. Segundo ele, a condição política é a aprovação pelo Congresso norte-americano do "fast track" (mecanismo que dá liberdade ao governo dos EUA em acordos internacionais). "O recado do Congresso norte-americano é que não há disposição política para liberar o comércio aos nossos produtos. Espero que isso mude, mas no momento a realidade é essa", afirmou o ministro brasileiro. "Como é que vou entrar em um exercício de liberalização sem saber o que vou ter em troca. Assim, não vale a pena", disse. Lampreia afirmou que ainda não é possível prever se a Alca começará mesmo em 2005. "Não tenho bola de cristal, não sei o que vai acontecer." A principal reivindicação do Mercosul é que os EUA levantem barreiras comerciais contra produtos agrícolas. O ministro esteve ontem em Buenos Aires para participar de seminário do Cari (Conselho Argentino para Relações Internacionais). Segundo ele, o governo argentino concorda com a opinião do Brasil sobre a Alca. Moeda Única Brasil e a Argentina divergem sobre a implantação da moeda única do Mercosul. Enquanto o governo argentino insiste no tema, Lampreia afirmou que a discussão é "prematura", pois falta muito a fazer para a consolidação do bloco. Anteontem à noite, ele se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Guido Di Tella. Os dois conversaram sobre o regime automotivo do Mercosul. Os países pretendem aprovar o projeto, em negociação, na próxima reunião de cúpula do bloco no fim de julho. Lampreia reivindicou no encontro com Di Tella a inclusão do açúcar nas regras de comércio do Mercosul. Os produtores argentinos são contra. "Não há estagnação do Mercosul, como apontam analistas. Isso é demonstrado pelos números. Neste ano o comércio entre Brasil e Argentina será de mais de US$ 20 bilhões", disse Lampreia. Em palestra no seminário do Cari, Lampreia classificou de "absurda" a disputa nuclear entre Índia e Paquistão. Texto Anterior: Missão do FMI chega à Rússia na segunda Próximo Texto: Argentinos também têm receio Índice |
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