São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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Favorito, Chile tenta esquecer o passado

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A SAINT-ÉTIENNE

Hoje faz exatos 16 anos que Chile e Áustria se enfrentaram pela última vez em uma Copa do Mundo, mas aquela vitória européia por 1 a 0 parece estar muito mais distante.
Os chilenos, inflados pela boa atuação no empate com a Itália, colocarão em teste pela segunda vez a dupla de atacantes Marcelo Salas e Ivan Zamorano, enquanto os austríacos afirmam que todo o favoritismo é do rival.
Eles se enfrentam hoje em Saint-Étienne, pelo Grupo B, no qual todas as seleções estão empatadas com um ponto.
"O Chile tem um time equilibrado, sabe pressionar o rival e não tem falhas. Apesar de não terem feito uma boa campanha nas eliminatórias, eles chegaram fortes à Copa", disse ontem o técnico austríaco, Herbert Prohaska.
O único atacante titular da Áustria é mais direto. Para Anton Polster, 35, o adversário é o favorito depois da primeira rodada. "Salas e Zamorano são gêmeos mágicos. É injusto que eu tenha que competir contra os dois."
As declarações parecem não ser apenas diplomáticas, mas revelam a decepção com o desempenho contra os camaroneses, um 1 a 1 em que os africanos dominaram.
"Se perdermos ou empatarmos, espero que o outro jogo (Itália x Camarões) termine empatado. Assim nossas chances continuam", disse Prohaska, que se queixou da pouca movimentação de sua veterana equipe -seis dos onze titulares são "trintões".
Ele pode colocar o atacante Ivica Vastic, de origem croata, desde o começo da partida para ganhar mais força -o meia Andreas Herzog, do Werder Bremem, foi o mais criticado no primeiro jogo.
Questionado sobre um possível encontro com o Brasil nas oitavas-de-final, Prohaska se negou a falar em hipóteses. "Estamos ainda na primeira fase e só pensamos e falamos sobre o Chile."
O clima é totalmente inverso no lado chileno. A única preocupação, a recuperação física de Salas (artilheiro da competição, com dois gols, junto com o mexicano Hernández), que se contundiu no domingo, já foi superada.
O técnico Nelson Acosta, uruguaio com cidadania chilena, fez várias piadas durante sua entrevista coletiva de ontem.
"Se os austríacos fizerem marcação pessoal em Zamorano e Salas, coloco os dois no banco, e o problema está resolvido", disse. Acosta, no entanto, não aceitou o rótulo de favorito.
"Não nos consideramos assim. Só acho bom que os outros times comecem a falar de nós."
O técnico, porém, repetiu várias vezes que o jogo contra a Itália é passado e que não reclamaria mais do pênalti que resultou no empate. "O importante é que o time mostrou personalidade e solidariedade. Demonstramos que estamos perto do futebol de alta competitividade e que sabemos virar o placar adversos."
O jogo de hoje também marca o reencontro de dois ex-parceiros da equipe espanhola Sevilla: os capitães Zamorano e Polster.
"Polster é um mostro, ele inventa o que quer dentro da área", disse o chileno sobre o austríaco. "Vi Zamorano muito bem contra a Itália. Ele foi o principal responsável pelo primeiro gol", afirmou o rival.
Para Polster, o confronto tem outro significado. Ele vai igualar o recorde de Gerhard Hanappi de 93 partidas pela seleção. Se enfrentar a Itália na próxima semana, fica com a marca.
Em seu único treinamento secreto na semana, a equipe chilena ensaiou marcação em Polster, que joga isolado na frente.
O Chile não quer passar de novo pelos fatos de 17 de junho de 1982, na Copa da Espanha. Naquele jogo, a Áustria vencia por 1 a 0, quando o Chile teve um pênalti a seu favor. O meia Caszely cobrou e errou. O Chile acabou eliminado na primeira fase.

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