São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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O que ver em Basquiat

- O pugilista Cassius Clay é um dos grandes heróis negros do artista e comparece em vários de seus desenhos e telas, como em "Cassius Clay (1982)
- Os trabalhos de Basquiat são autobiográficos. Em "Florence" (1983), por exemplo, ele recorda uma passagem pela cidade italiana e pelo período que mais lhe interessa, quando a cidade foi dominada pelos Medici. Cita os pintores Cosimo, il Vecchio (1389-1464) e Piero, il Gottoso (1416-69), ruas e praças da cidade (piazza Piola, via Pacollo e piazza Leonardo), o soberano Lorenzo, il magnifico, e o papa Clemente. A letra "n" circundada é uma remissão à palavra "notary" (escrivão) e representa um tipo de autoridade
- Em "Piano Lesson" (1983) comparecem Batman e Robin e a expressão "pooey" dentro de um balão. As histórias em quadrinhos fazem parte da educação e do mundo imagético de Basquiat
- Em "Lye" (1983), o artista faz sua crítica social à necessidade de os negros alisarem seus cabelos (processed hair) para conseguirem maior aceitação social. O cantor Nat King Cole, outro herói do artista, também é citado, assim como "Monalisa", de Da Vinci. Os desenhos das mãos direita e esquerda, com números sobre os dedos, é uma remissão ao processo de aprendizado de datilografia, uma forma de ascensão social, principalmente para as classes menos favorecidas, como negros e imigrantes. O desenho em forma de coroa é uma das assinaturas do artista
- Órgãos internos e ossos são referências constantes na obra do artista, que entrou em contato com o assunto em maio de 1968, quando quebrou o braço e teve seu baço retirado. Ganhou então da mãe uma cópia do livro "Gray's Anatomy". A mostra traz os 18 desenhos da série "Anatomy", de 1982, como este, que reproduz uma visão frontal e superior da clavícula direita
- O jogador de beisebol Hank Aaron e o pugilista Cassius Clay são dois dos heróis negros do artista. É sabido que Basquiat leu a biografia de Aaron, "I Had a Hammer"

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