São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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Lula x FHC; Alerta anti-seca; Alerta anti-seca; Governo e cidadão; Turismo desperdiçado; Hepatite; Exportação em queda; Brasil agrícola; Socorro ao Timor; Ingenuidade

Lula x FHC
"Durante a campanha presidencial de FHC, sua mão de cinco dedos perfeitos contrastava com a de Lula, de quatro dedos e meio. A exploração do defeito físico, pensei na época, seria punida pelos deuses de alguma maneira. Os brasileiros escolheram a mão alva e perfeita, a da retórica. E aqui estamos nós, como o povo de Tebas em 'Édipo Rei'. Na tragédia, o crime de Édipo é vingado pelos deuses com a peste que cai sobre a região matando o povo. Aqui temos uma seca terrível, um desemprego crescente, um sistema de saúde vil, um projeto de ensino e educação obscuro e negociatas palacianas. Só que, na tragédia, o rei tinha vergonha."
Paulo Gaiger (Porto Alegre, RS)
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"Após as declarações de Lula, quanto à criação de um 'caixa-dois' para engordar as verbas da reeleição, com a venda da Telebrás, FHC declarou que está tomando as providências para processar o mesmo por calúnia, segundo noticiam os jornais.
Lula não imputou fato definido como crime, para ser enquadrado dentro do art. 138 do Código Penal.
A sua declaração, ou melhor, a sua insinuação, como ele declarou no dia seguinte, quando muito poderia ferir a dignidade do presidente, pois o estaria chamando de desonesto.
Isso é injúria, prevista no art. 140 do mesmo Código Penal."
Duarte de Azevedo Moretz-Sohn (São Paulo, SP)

Alerta anti-seca
"Se todos os jornais, diariamente, viessem com uma tarja na primeira página, dizendo 'Problema da seca não foi resolvido', e publicassem mensalmente uma reportagem com o que foi feito, quem fez etc., acredito eu que não teríamos que esperar mais uma década para ver essa tarja ser substituída por outra, dizendo 'Problema da seca foi resolvido'."
Marli Mazza (São Paulo, SP)

Governo e cidadão
"Hoje, existe a idéia equivocada de que a vida civil, representada pela família e pela sociedade, é dirigida pelo Estado, quando, pelo contrário, é a sociedade que direciona as ações do Estado. Em outras palavras, o político está submetido à sociedade, e nunca o contrário.
No caso brasileiro, posso mencionar o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. A sociedade brasileira aprendeu que pode, de forma organizada, intervir no jogo político e transformar a realidade.
Lembro uma frase do filósofo Immanuel Kant: 'O Estado não tem fins próprios, os seus fins devem coincidir com os fins múltiplos dos indivíduos'. Relacionando-a ao momento vivido pelo Brasil, ou a sociedade brasileira toma as rédeas da história em suas mãos ou acaba devorada."
Aderson Flores Filho (Florianópolis, SC)

Turismo desperdiçado
"O Brasil, com seus problemas estruturais, deteriora suas cidades, praias, matas e florestas. Está minando rapidamente seu largo potencial turístico, que poderia ser a chave para o problema do desemprego.
Infelizmente, alguns cidadãos vêem o desenvolvimento do turismo nacional dentro de um salão de jogo, o que evidentemente é um equívoco.
Parece que nunca seremos sede de uma Copa ou Olimpíada e, em breve, se nada de bom senso for realizado, seremos, sim, o centro mundial da violência e injustiça social."
Cristina Van Wanrooij (São Paulo, SP)

Hepatite
"Parabéns ao jornalista Aureliano Biancarelli, que mais uma vez nos contempla com uma reportagem elucidativa sobre saúde pública. A reportagem sobre o notável trabalho de pesquisa da equipe do dr. Focaccia, em conjunto com o Datafolha, sobre a ocorrência de hepatite em São Paulo, publicada em 15/6 em Cotidiano, foi realmente valiosa para o leitor.
Como a própria pesquisa descobriu, a grande maioria da nossa população desconhece como se defender da hepatite. Que a Folha prossiga nessa linha de informação."
Pedro Cardinale (São Paulo, SP)

Exportação em queda
"A imprensa informa que de 1989 para cá o Brasil caiu do 26º para o 67º lugar no ranking dos países exportadores de manufaturados do mundo.
Foi em 1989 que Fernando 1º começou o processo de privatização intensiva do país, quando, para favorecer empresas privadas ligadas ao seu grupo, fechou a nossa maior 'trading company', a Interbrás, uma lucrativa subsidiária da Petrobrás, que desenvolvia um colossal trabalho de exportação, principalmente para o Oriente Médio, valendo-se do nosso grande volume de compras de petróleo naquela região para ali colocar os nossos produtos.
Resultado: o vazio deixado pela Interbrás acabou não sendo preenchido pelas empresas privadas nacionais, e foram os fortes grupos estrangeiros que saíram levando a melhor."
Maria Ismeria Nogueira Santos (São Paulo, SP)

Brasil agrícola
"A agricultura brasileira mostra assustadora perda de vitalidade em seu ritmo de atividade e não goza de uma imagem positiva nos centros urbanos, onde vive a maioria da população. Esse quadro terá de ser revertido, mas pouco se nota alguém à procura do caminho estratégico para tal. Paira muita indecisão e incerteza no setor.
Existe um longo trabalho sendo conduzido no Fórum Nacional da Agricultura, que precisa deslanchar com maior velocidade no campo prático."
Luiz Antonio Pinazza, gerente de negócios da Agroceres (São Paulo, SP)

Socorro ao Timor
"O mundo lusofalante ainda tem um dos seus membros refém de regime político e cultura diferentes do nosso. Trata-se de Timor Leste, povo mártir, com sua independência proclamada em 1975 e reconhecida pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, a qual protestou contra a invasão determinada pela então ditadura de Suharto da Indonésia.
Os objetivos internacionais brasileiros tendem a se concentrar na América do Sul pela proximidade evidente, mas nem por isso merece menos atenção o espaço oceânico africano de Cabo Verde e Guiné-Bissau a Angola e Moçambique, com a África do Sul e adjacências de permeio, lá mais longe Macau, defronte de Hong Kong e Timor Leste. Só a estreiteza mental não consegue vislumbrar o horizonte."
Vamireh Chacon (Brasília, DF)

Ingenuidade
"Estou atônito com a ingenuidade confessada pelo general Oswaldo Pereira Gomes, que integra a Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça, na autocrítica que fez no caderno Mais de 7/6.
Disse ele que o processo referente à indenização dos familiares do coronel da Aeronáutica Alfeu de Alcântara Monteiro, morto no dia 31 de março de 1964 dentro de um quartel, em Porto Alegre, assinalava que ele havia recebido 16 tiros nas costas.
Recorde-se que a viúva já recebe a pensão militar regulamentar. Mesmo assim, o general votou a favor.
Diz o general, no entanto, que, posteriormente, soube que o referido militar fora morto 'com um tiro, num tiroteio'."
Carlos Ilich Santos Azambuja (Rio de Janeiro, RJ)

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