São Paulo, quarta-feira, 17 de junho de 1998
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O sexo das urnas

VINICIUS TORRES FREIRE

São Paulo - "O que querem as mulheres?", perguntou Sigmund Freud. Que elas não querem como os homens esteve claro desde sempre, até para o psicanalista atarantado com a, segundo ele, intrigante e esquisita humanidade feminina. A psicanálise pára aqui, mas até no rés-do-chão da política eleitoral brasileira uma versão vulgar da pergunta do doutor vienense parece ter algum sentido, para os dois sexos, indica a última pesquisa Datafolha.
Em São Paulo, as mulheres querem eleger Francisco Rossi para governador. Na urna feminina, o pedetista bate Paulo Maluf (PPB) por 30% a 20%. O malufismo é masculino: 32% contra 25% de homens pró-Rossi. Pelo menos por ora longe do pódio paulista, Marta Suplicy (PT) tem quase 50% mais eleitores entre as mulheres.
No outro lado da via Dutra são os homens que, por enquanto, colocam Cesar Maia (PFL) na cadeira de governador do Rio de Janeiro. Entre eles, o pefelista vence Anthony Garotinho por 45% a 34%. A diferença é grande o bastante para compensar a dúvida das mulheres fluminenses. Entre elas, há empate entre esses candidatos.
No Rio Grande do Sul, os homens são ligeiramente mais petistas que as mulheres. Curioso é que em sete outros Estados pesquisados os sexos concordam pelo menos a respeito do governador que querem. Por que paulistas e fluminenses seriam diferentes? Ou são diferentes os candidatos? Qual seria o charme secreto de Rossi, Maluf, Garotinho e Maia? O "sex appeal" depende do poder ou o poder do "sex appeal"?
Ironia de lado, politólogos e sociólogos teriam muito o que dizer da eleição. Entre os mais instruídos, Rossi fraqueja. Os mais ricos vitaminam Maluf em São Paulo e Cesar Maia no Rio; Garotinho é algo mais popular.
Maluf parece mais duro que Rossi e sua suavidade vagamente cristã, notaria o analista com idéias convencionais sobre os sexos, mas talvez com razão. Mas o que elas e eles viram nos dois ainda permanece um mistério.

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