São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998
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A seleção ganha com a entrada de Denílson

TELÊ SANTANA

Dois assuntos tomaram conta do noticiário da seleção brasileira depois da boa apresentação contra a seleção de Marrocos. O primeiro foi aquela discussão de Dunga com Bebeto. O segundo, a possível entrada de Denílson no time titular contra a Noruega, com Leonardo atuando recuado, na posição de César Sampaio, que está suspenso.
Eu já disse isso e volto a repetir. Eu acho que o Denílson é muito bom jogador, habilidoso e driblador. Está tendo uma passagem muito boa na seleção. A seleção vai ganhar muito com a entrada dele. O time torna-se mais ofensivo. É importante, também, porque haverá um jogador de meio-campo mais próximo ao Ronaldinho e ao Bebeto, que estão atuando muito isolados.
Esse problema ficou claro no jogo contra Marrocos, quando, por várias vezes, Ronaldinho teve que recuar à intermediária do ataque para buscar a bola. As pessoas ficam preocupadas com a marcação e a cobertura aos zagueiros. O Brasil sempre jogou dessa forma, com um cabeça-de-área. Nos últimos tempos, com a evolução do futebol, as equipes passaram a usar dois jogadores marcadores naquela área do campo.
O Leonardo sabe marcar e o Denílson também pode ajudar, já que ele faz isso em seu clube. Se essa formação der certo, eu até arriscaria mantê-la num jogo das oitavas-de-final. A seleção ganha em "ofensividade" e pode conseguir os gols com muito mais facilidade.
Outro aspecto que acho importante mencionar é a discussão entre Dunga e Bebeto.
É uma coisa que acontece em qualquer equipe e também na seleção. A gente lamenta que isso aconteça, mas são fatos inevitáveis quando se trata de um grupo grande. E agora tudo já acabou, o ambiente voltou a ser de paz. Entre os jogadores não há mais problemas.
Toda seleção, toda equipe sempre tem um jogador líder. O Dunga é o líder desta seleção brasileira. E é líder merecido. Ele conquistou o respeito de todos, dentro e fora de campo, nada mais justo que continue assim.
A seleção brasileira melhorou muito desde a sua primeira apresentação na Copa da França. Os jogadores são bons e podem enfrentar qualquer adversário.
*
Sobre as outras seleções e a Copa em si, gostaria de afirmar que, para muitos, é surpresa o desempenho das seleções africanas, principalmente da Nigéria. Há algum tempo eu dissera que eles fariam um bom papel na Copa. A Nigéria foi muito superior às equipes que enfrentou. Os nigerianos se parecem muito com os jogadores brasileiros. Quando conseguem tomar a bola, eles se entusiasmam e vão para cima dos adversários. É bonito. Eu não diria que eles irão ganhar a Copa. Mas, se o Brasil enfrentá-los, será muito difícil. Pode acontecer qualquer coisa, até mesmo uma vitória deles.
Das seleções que vi jogar, a que me decepcionou muito foi a Espanha. Pela qualidade de alguns de seus jogadores, é uma seleção que poderia render muito mais do que está apresentando.
É um time que pode jogar de forma ofensiva, mas ainda não conseguiu vencer e corre o risco de ser eliminado logo na fase classificatória.
A Argentina é outra equipe que poderia jogar muito mais. Os argentinos estão enfrentando times de nível muito mais baixo, como o Japão, e nem assim venceram de forma convincente.
A França joga em casa e tem se apresentado bem. Se for à final, será uma equipe muito difícil de ser batida.

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