São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 1998
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Clinton desafia protestos e viaja à China

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, 51, que na eleição de 1992 acusou seu oponente e antecessor, George Bush, de ser condescendente com a China, parte hoje para visita de dez dias ao país.
Ele é o quarto presidente norte-americano a ir à China desde que ela se tornou comunista, em 1949, e o primeiro depois da violenta repressão do governo chinês contra manifestações estudantis pró-democracia em 1989.
A oposição acha que ainda há outros motivos que tornam a visita inconveniente agora: pelo menos 2.000 dissidentes chineses ainda estão presos, há evidências de que a China continua vendendo tecnologia nuclear para Paquistão e Irã, o déficit comercial com a China chegou a um recorde de US$ 63 bilhões, e prosseguem investigações sobre a suposta tentativa de Pequim de influenciar as eleições dos EUA de 1996.
Para piorar ainda mais o clima, avolumam-se denúncias de que o presidente pode ter sido influenciado pelo empresário Bernard Schwartz (que deu grandes contribuições para as campanhas de Clinton) quando decidiu permitir que empresas aeroespaciais norte-americanas (inclusive a Loreal, de Schwartz) usassem foguetes chineses para colocar seus satélites em órbita da Terra.
Finalmente, a China cancelou vistos de entrada de três jornalistas da Rádio Ásia Livre, que haviam sido credenciados pela Casa Branca para cobrir a visita.
Assessores de Clinton dizem que o presidente vai defender, em público e em particular, o respeito aos direitos humanos na China e que a "política de engajamento" é a mais eficiente para ajudar as reformas democráticas no país.
Clinton irá a Xian, Xia-He, Xangai, Guilin e Hong Kong, além de Pequim. Sua comitiva é a maior a acompanhar um presidente em qualquer viagem ao exterior: cerca de 1.200 pessoas. Quando Richard Nixon fez sua histórica viagem à China, em fevereiro de 1972, levou comitiva quatro vezes menor.
O número de jornalistas que cobrem a visita de Clinton também é recorde: 375 foram credenciados. Quatro aviões civis e 12 militares seguem para a China. Dez automóveis blindados, dois helicópteros, 60 toneladas de material de comunicação e água potável suficiente para Clinton e família não precisarem abrir uma só torneira na China fazem parte da bagagem.

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