São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 1998
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Jiang tenta projetar China "moderna"

Presidente chinês quer melhorar imagem externa

JAIME SPITZCOVSKY
EDITOR DE EXTERIOR E CIÊNCIA

Para o presidente Jiang Zemin, a visita de Clinton representa a chance de tentar projetar, ao exterior, a imagem de uma "China moderna", em transformação.
O governo chinês aproveita a chance de mostrar, ao público interno, sua aceitação pela maior potência mundial, depois de anos de atrito. Mas, Jiang se previne diante da possibilidade de Clinton tentar passar seu ideário aos chineses.
O presidente americano tem 15 discursos públicos previstos, e os chineses insistem na inviabilidade de transmiti-los ao vivo. Pequim não quer correr o risco de transmitir para sua população de 1,2 bilhão de pessoas mensagens de democracia e direitos humanos.
Não transmitindo os pronunciamentos ao vivo, o governo chinês ganha tempo para editar os discursos. Pode, assim, apagar os trechos que julgar politicamente delicados.
Em 1995, a China recebeu a Conferência Internacional da Mulher, patrocinada pela ONU, e manteve sua população à margem das discussões principais.
A mídia local, controlada pelo governo, se esforçava para mostrar o evento como um sucesso diplomático e de organização. Não permitiu chegar aos chineses os debates sobre aborto ou outros direitos da mulher.
Ao tentar evitar a transmissão ao vivo dos discursos de Clinton, Pequim enfrenta um argumento do passado. Em fevereiro de 89, o então presidente americano, George Bush, foi à China e teve seu pronunciamento transmitido diretamente pela TV chinesa.
Bush não tocou em direitos humanos. Á época, já era considerado "um amigo" do governo chinês, rótulo que sobreviveu apesar das sanções impostas depois do massacre de Tiananmen.

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