São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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PM de SP importa armas quem não matam

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Militar de São Paulo vai passar a utilizar equipamentos e técnicas de abordagens não-letais no combate à criminalidade.
Para isso, projeto elaborado pelo coronel Carlos Alberto de Camargo, comandante-geral da PM, prevê a compra de equipamentos de última geração, como armas que disparam balas de borracha, cassetetes elétricos (que servem para imobilizar ou afastar pessoas) e clavas químicas (nome técnico para "sprays" paralisantes, vomitivos, lacrimogêneos etc.).
Todos os PMs do Estado terão treinamento especializado sobre as novas técnicas. A idéia é transferir o know-how para todas as Polícias Militares do Brasil e, posteriormente, para os países integrantes do "Pacto Latino-Americano e do Caribe para a Polícia de Proteção da Dignidade Humana".
O objetivo maior, de acordo com o major Antonio Carlos Biagioni, chefe do Cecomsoc (Centro de Comunicação Social) do comando geral da tropa, é buscar uma redução drástica no número de civis mortos por policiais militares.
"No futuro, o policial vai estar treinado e capacitado para agir, diante de situações que exijam a contenção da delinquência sem que o resultado seja a morte do indivíduo", declarou Biagioni.
Para viabilizar o projeto, às 11h de hoje será assinado um convênio entre o comando geral da PM, o governo do Estado -representado pelo secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva- e a União -por intermédio de José Gregori, secretário nacional dos Direitos Humanos.
Ainda não foram definidos quais tipos de equipamentos serão comprados nem a quantidade. O investimento do projeto será divulgado na assinatura do convênio.
A idéia de implantar o "Programa de Utilização de Técnicas Não-Letais de Intervenção Policial" na PM de São Paulo surgiu um pouco antes de Camargo viajar para a Holanda, há cerca de 15 dias, onde participou do "Simpósio Internacional de Executivos de Polícia". O esboço do projeto foi elaborado junto com a representação da Cruz Vermelha no Brasil.
Na Holanda, Camargo se reuniu com representantes do Ministério do Interior e de entidades não-governamentais para buscar mais informações sobre as técnicas não-letais de intervenções policiais. "O comandante-geral colheu toda a sistemática prática e teórica, identificou especialistas e, já de volta ao Brasil, buscou financiamento para viabilizar o projeto", declarou Biagioni.
Camargo finalizou o programa recentemente. O esboço acabou sendo enviado para a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Segundo Biagioni, Gregori propôs, então, uma parceria entre PM, Estado e União.

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