São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Chilenos acreditam na superação

NOELLY RUSSO
ENVIADA ESPECIAL A VERSAILLES

A seleção chilena realizou ontem seu primeiro treinamento tático -e secreto- para enfrentar o Brasil. Apesar do favoritismo da equipe do técnico Zagallo e de três de seus titulares suspensos, a confiança do time em uma vitória é transparente.
A preparação do Chile para o jogo de sábado, em Paris, pelas oitavas-de-final, pode ser comparada à de uma seleção que vai disputar uma final do Mundial.
Antes de deixar o hotel onde estão hospedados, em Versailles, os atacantes Iván Zamorano e Marcelo Salas, os dois principais atletas do time, acompanhavam do ônibus um grupo de torcedores chilenos cantando um refrão para o jogo contra o Brasil.
Ao ritmo de "Guantanamera" (música popular cubana), eles cantavam: "Um caramelo, o Brasil é um caramelo. Um carameeeeelo, o Brasil é um caramelo". A idéia é dizer que vencer o Brasil será tão fácil como comer um doce.
Zamorano disse que sua equipe tem consciência de que será difícil vencer os brasileiros, mas não impossível.
Os chilenos estão entusiasmados com a derrota do Brasil por 2 a 1 para a Noruega, anteontem, e acreditam que passar para as quartas-de-final é mais do que uma possibilidade.
"Vencer o Brasil não é impossível. A Noruega venceu. Claro que o Brasil tem jogadores excelentes, como Ronaldinho, Roberto Carlos e Leonardo, mas vamos jogar para ganhar", disse o atacante.
Seu parceiro de setor, Salas, foi o autor de três dos quatro gols do time na Copa.
Esta é a primeira vez que o Chile passa para a segunda fase de uma Copa desde 1962, quando abrigou a competição.
Derrotar o Brasil será um duplo momento histórico para o time. Além de superar o atual campeão mundial, ele terá atingido sua primeira vitória em um Mundial desde 62, quando foi quarto colocado.
"Se vencermos a seleção brasileira, essa partida vai entrar na história do futebol chileno", afirma Alfredo Mansur Asfuria, chefe da delegação.
"Nós conseguimos chegar até aqui e vamos tentar vencer os brasileiros com todas as nossas forças. Vamos jogar com humildade, mas com garra", completou.
Desfalques
O maior problema chileno são os três reservas que iniciam o confronto. Os laterais Moisés Villarroel e Francisco Rojas e o volante Nelson Parraguez cumprem suspensão automática de uma partida por terem levado dois cartões amarelos.
Na segunda fase do torneio, foi "zerado" somente o cartão dos jogadores que carregavam um.
"Estou muito decepcionado por não enfrentar o Brasil. Ainda mais em uma Copa do Mundo, mas tenho certeza de que o Chile tem jogadores de alto nível para substituir a mim e a meus companheiros", disse Rojas.
O lateral afirma que ainda espera poder atuar novamente neste Mundial. "O Chile tem uma equipe muito boa. Claro que os brasileiros são os favoritos, mas não estão em sua plena forma. Então, acho que voltarei à equipe na próxima fase."
Rojas, que recebeu um cartão na partida contra Itália e outro contra Camarões, disse que o grupo está mais confiante por ter enfrentado seleções mais difíceis na primeira fase da competição.
O meia Fabian Estay também acredita em uma vitória. "Não chegamos aqui para ficarmos desanimados. É difícil enfrentar o Brasil, mas o Chile também é uma equipe forte. Mostrou isso chegando à segunda fase", disse.
Outro ponto que os chilenos consideram favorável é o fato de conhecerem o Brasil melhor do que conheciam os italianos e os camaroneses.
"Isso torna a partida mais fácil. Como são duas equipes sul-americanas, estão mais acostumadas a jogar entre si", disse Cristián Castañeda, um dos candidatos a substituir Villarroel.
O árbitro da partida será o francês Marc Batta.
Hoje à tarde, o Chile faz seu treino de reconhecimento no estádio Parc de Prince, do time Paris Saint-Germain, local do jogo de sábado.

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