São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998 |
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"Eu odeio a expressão terceira idade"
PATRICIA DECIA
Agora, além de voltar ao cinema, ela começa a produzir a peça "Amy's View", do inglês David Hare, com estréia prevista para o início de 99, e pode subir aos palanques eleitorais apoiando o presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição. A seguir, os principais trechos da entrevista sobre o filme "Sem Pressa de Amar". * Folha - A sra. acha que está surgindo uma maneira diferente de ver as pessoas de 60? Beatriz Segall - Uma mulher de 60 era uma velha caquética, caindo aos pedaços. Hoje não. Com as vitaminas e o desenvolvimento da farmacologia, da cosmética, da medicina em geral e a possibilidade do aproveitamento da idade até mais tarde, essa visão da velhice mudou muito. Eu, por exemplo, odeio a expressão terceira idade. Acho altamente preconceituosa, cerceadora de possibilidades, uma nomenclatura muito infeliz. Folha - O que muda diante disso? Beatriz - Há uma imensa mudança de atitude, de aceitação da própria idade e sobretudo da aceitação de suas possibilidades de atividade. Depois da última guerra, houve um endeusamento da juventude. E afastou-se, alijou-se, desconsiderou-se a experiência e a sabedoria dos mais velhos. Como os governos vão ter de tomar providências sobre o aumento da longevidade, vai ser preciso uma mudança de mentalidade. Folha - A sra. vê aí alguma função da arte? Beatriz - De divulgação talvez. Acho que arte tem sua função social sim. Eu trabalhei muito nesse sentido no tempo da ditadura, tivemos que usar o palco como tribuna. Nos momentos de paz social, a função da arte é muito mais de engrandecer a alma humana. Folha - O que espera do filme? Beatriz - O Romeu di Sessa é um diretor muito jovem com quem eu ainda não trabalhei. Vi seu primeiro filme e gostei muito. Como também gostei desse script, do papel e acho que ele tem uma visão bastante boa do que quer e de onde quer chegar. O que prova isso para mim é a escolha dos outros dois atores. Eu me entrego quando é um trabalho assim. Folha - Como a sra. vê a história agora com o boom do Viagra? Beatriz - Não se trata de um machão querendo provar a sua potência. Porque se fosse, ele iria buscar, como faz a maioria dos machões, as menininhas que têm idade para ser filhas ou netas deles. Texto Anterior: Spacey brilha em 'Os Suspeitos' Próximo Texto: MPB fecha com sucesso sua quarta noite no evento Índice |
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