São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Denise Stoklos desobedece

NELSON DE SÁ

Nos últimos minutos do milênio, nestes tempos de humanidade perdida na superficialidade, no vazio, uma voz pede a desobediência.
"Desobediência Civil", o mais recente espetáculo de Denise Stoklos, se inspira em Henry Thoreau, do ensaio de mesmo nome, para questionar a ordem -supostamente incontornável. Em especial, a ordem neoliberal que, por aqui, responde pelas siglas FHC e ACM, citadas na peça.
É estranhamente político, contestador, o monólogo de Stoklos. Mas não é chato, bem o contrário. Uma comediante como é raro encontrar no palco brasileiro, a multiartista (autora, diretora, atriz) parte do ensaio e de toda a utopia de simplicidade de Henry Thorau para questionar o cotidiano contemporâneo -e não só a ordem econômica e política.
"Desobediência Civil" é um espetáculo todo ele simples, despretensioso, ainda que contenha, como é próprio de Stoklos, um admirável rigor formal e de criação. Silêncios, gestos, coreografias -a direção/interpretação de Stoklos em nada deve às suas montagens anteriores.
Com a diferença, talvez, que "Desobediência Civil", certamente inspirada na simplicidade de Thoreau, é de uma abertura muito grande ao gosto popular. Stoklos trata com carinho seu espectador, seja ele quem for.

DESOBEDIÊNCIA CIVIL Texto: Henry David Thoreau. Direção: Denise Stoklos. Com: Denise Stoklos. Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila Mariana, região sudoeste, tel.5080-3147). 645 lugares. Sex e sáb.: 21h. Dom.: 20h. Até 28/6. Ingr.: R$ 5 (comerciários) e R$ 10. CC: D, M e V. Estac. (R$ 2).

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