São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 1998
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Férias chegam com desenhos e comédia

MÔNICA RODRIGUES COSTA

As crianças esperam o mês de julho chegar por dois motivos: férias e cinema. Na atual temporada, há pelo menos oito estréias de filmes dirigidos ao público infantil, entre eles os desenhos animados "Mulan", da Disney, que entra em cartaz em 1º de julho, "A Espada Mágica - A Lenda de Camelot", primeiro desenho longa-metragem da Warner, e o filme "Doctor Dolittle", da Fox -os dois últimos estréiam hoje.
"Mulan" e "A Espada Mágica" põem em relevo a coragem feminina -física e psicológica. Baseada em lenda chinesa de 2.000 anos, a personagem Mulan (Magnólia, em chinês) salva o império de uma guerra, fingindo-se de homem. Essa espécie de Diadorim ("Grande Sertão: Veredas") conquista a confiança do capitão do exército pela astúcia, até ser descoberta e punida pela mentira.
A garota fugiu de casa para tomar o lugar do pai na guerra, evitando-lhe a morte. A guerreira conta com a ajuda mágica de um cavalo, um grilo e um dragão -representante dos espíritos de seus antepassados. Mulan representa a contestação, a transformação da norma em um comportamento guiado pela razão.
Mulan e Kayley, a protagonista de "A Espada Mágica", são heroínas parecidas, especialmente pelas características de personalidade. As duas partem para a ação.
Depois da morte do pai em "A Espada Mágica", o cavaleiro da Távola Redonda Lionel, Kayley decide salvar o reino do rei Arthur, procurando a espada Excalibur na Floresta Proibida. O roteiro desse desenho simplesmente inclui uma mulher entre os cavaleiros da Távola Redonda, renovando em mais uma versão a lenda de Camelot, que faz parte do imaginário de várias gerações. O amigo cego de Kayley, Garrett, ajuda a garota a encontrar a espada mágica, livrando o reino de Arthur da maldade de Ruber, vilão que assume formas monstruosas.
É claro que há, nos dois enredos, além dos amigos mágicos, como o dragão de duas cabeças de "A Espada Mágica", o ingrediente amoroso, mas não da forma conservadora dos desenhos de princesas e príncipes encantados.
Em "Mulan", o chefe do exército vai visitar a heroína na casa dela, e o final feliz fica subentendido. Em "A Espada Mágica", a protagonista é capaz de se apaixonar por um rapaz cego -diferente, portanto-, o que torna a relação afetiva mais complexa e real.
O filme "Doctor Dolittle", ingênuo e engraçado, mostra um médico (Eddie Murphy) capaz de se comunicar com os animais e também toca na questão da diferença. John Dolittle tem o dom -ou delírio- de conversar com um cachorro (Lucky, dublado por Tom Cavalcanti), um tigre, um cavalo, dois ratos e um porquinho-da-índia.
O filme contrapõe o comportamento desse adulto diferente à sensibilidade infantil, por natureza mais próxima da comunicação com os animais e mais disposta a aceitar as diferenças entre os seres humanos.

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