São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pesquisa ouviu 80 pessoas por 18h

DA REDAÇÃO

A pesquisa qualitativa com os eleitores paulistanos foi elaborada pela Folha com o Datafolha e a empresa Com Senso - Agência de Estudos do Comportamento.
Ao todo, foram ouvidas aproximadamente 80 pessoas, divididas em nove grupos, por cerca de 18 horas em cinco dias diferentes.
Os eleitores foram divididos em quatro grupos sociais de acordo com a renda, escolaridade, classe social, estilo e padrão de vida.
A partir dessas características, uma pesquisa anterior do Datafolha fez a segmentação do eleitorado em elite, deslocados, remediados e excluídos.
Desde 1997, esses grupos sociais são grupos usualmente adotados pelo Datafolha em alguns cortes nas pesquisas quantitativas que o instituto faz para aferir a intenção de voto dos eleitores para presidente, por exemplo.
Para a pesquisa qualitativa -que não se traduz em números, mas em opiniões, sentimentos e motivações sobre um determinado assunto- optou-se por selecionar oito grupos, cada um com um número entre 9 e 10 pessoas.
Assim, foram montados dois grupos da elite, um pró-FHC e outro pró-Lula, dois de deslocados, dois de remediados e dois de excluídos, sendo sempre uma favorável ao atual presidente e o outro simpatizante do petista.
Durante a pesquisa, avaliou-se que algumas das pessoas recrutadas para um dos grupos participantes não se encaixavam nas características prévias definidas pelo Datafolha. Isso ocorreu com o grupo de deslocados pró-Lula. A decisão da Folha foi eliminar esse grupo e recrutar um novo para garantir a qualidade do trabalho.
Recrutamento
O recrutamento das pessoas envolvidas na pesquisa foi feito por uma empresa especializada que usou as características indicadas (renda, escolaridade etc.) pelo Datafolha para que se chegasse até os participantes.
Dezenas de pessoas preencheram questionários que revelavam detalhes socioeconômicos e intenção de voto para as próximas eleições. A partir desses questionários, a Com Senso, que atua há seis anos na área de pesquisas qualitativas, recrutou as pessoas que mais se encaixavam nas características pré-definidas em cada grupo.
Escolhidos os participantes, os recrutados foram levados, em dias diferentes, a uma casa na região da av. Faria Lima (zona sudoeste de São Paulo) para serem ouvidos. Optou-se por fazer dois grupos por dia, começando com os da elite pró-FHC e pró-Lula e assim sucessivamente com os deslocados, remediados e excluídos.
Para serem ouvidos, os participantes de cada grupo foram acomodados em volta de uma mesa, farta em refrigerantes, cervejas, salgadinhos e doces, em uma sala especial. O objetivo era deixá-los o mais à vontade possível.
Antes do início de cada sessão, os grupos eram informados apenas que estavam ali para participar de uma pesquisa e que seriam filmados e observados, através de um vidro espelhado, por outras pessoas, jornalistas da Folha e representantes do Datafolha.
Por cerca de duas horas, conduzidos pela pesquisadora Suzy Zveibil Cortoni, diretora da Com Senso, cada um dos grupos falou sobre problemas atuais.
Após se apresentarem, dizerem suas idades, profissões e estado civil, eram convidados a opinar sobre o quadro atual de emprego e estabelecer uma relação entre o problema e a atuação do governo.
O tema seguinte era a crise social. Em praticamente todos os grupos, a questão da seca emergia espontaneamente como exemplo.
O problema seguinte na pauta de discussão era a saúde. Nesse caso, o uso do dinheiro arrecadado com a CPMF sempre foi questionado pelos eleitores sem que o imposto fosse citado pela pesquisadora que conduzia o debate.
A educação, as privatizações das estatais e as razões que levam os eleitores a votar em FHC ou Lula foram os temas seguintes.
O roteiro se repetiu para todos os grupos, inclusive na sequência que os temas eram apresentados.
Só após a conclusão de cada pesquisa é que os grupos foram informados de que o trabalho havia sido encomendado pela Folha. Antes de sair, os participantes ganhavam um brinde e uma ajuda de custo de R$ 20,00.

Texto Anterior: O Plano Real é bom, mas já foi melhor
Próximo Texto: Veja quem são os grupos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.