São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998 |
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Conferência faz ponte entre dois mundos AURELIANO BIANCARELLI AURELIANO BIANCARELLI; JAIRO BOUER
A 12ª Conferência Mundial de Aids, em Genebra, começa hoje com o desafio de tentar diminuir o abismo entre os países pobres e ricos no que se refere ao tratamento da doença. "Fazendo a ponte" é o tema do encontro. Ruth Cardoso, mulher do presidente FHC, abre a conferência às 17h30 (horário de Brasília). Ruth faz o discurso de abertura na maior conferência de Aids de toda a história. Mais de 10 mil especialistas de todo mundo estão sendo esperados. Os primeiros testes de uma nova vacina, esquemas mais potentes de tratamento e o aumento da doença nas mulheres e nas populações carentes devem dar o tom dessa conferência. Nos próximos cinco dias, os especialistas vão estar discutindo os novos rumos da epidemia. Hotéis e acomodações na cidade suíça estão totalmente lotados e, muitos participantes estão tendo que ficar instalados em pequenas cidades na França. Genebra marca o primeiro grande encontro depois da memorável conferência de Vancouver (há exatos dois anos), quando o novo tratamento com o coquetel de drogas antivirais foi anunciado ao mundo e a Aids entrou no rol das doenças controláveis. Dois mundos A conferência discutirá alternativas para levar os avanços em prevenção e tratamento obtidos nos países ricos também aos países mais pobres, onde a Aids cresce de maneira assustadora. Um relatório da Unaids -agência da ONU para a prevenção da Aids-, feito em parceria com a Organização Mundial da Saúde, divulgado na última semana, mostra que 90% dos portadores do HIV vivem em países pobres (principalmente na África). As taxas de infecção estão caindo na Europa Ocidental, América Latina e Estados Unidos. Em contrapartida, na África, Europa Oriental e Rússia esses números estão aumentando. Em alguns países africanos, um em cada quatro adultos já estão infectados pelo vírus HIV. A conferência mundial -ao contrário dos demais congressos médicos que acontecem na área de Aids- tem uma abrangência mais ampla. São quatro linhas de trabalhos e discussões: ciências básicas, tratamento, prevenção e comportamento. A Aidsvax -nova vacina que começou a ser testada em larga escala na última semana nos EUA- deve ser um dos principais temas da conferência. As novas combinações de drogas do coquetel e os efeitos indesejados observados em pacientes tratados a longo prazo também vão estar na pauta das discussões. Entre esses efeitos está a lipodistrofia, uma alteração do metabolismo de gorduras, que seria causada pelo uso dos inibidores de protease contidos no coquetel. A alteração causa, por exemplo, o afinamento de braços, pernas e rosto e a formação de "corcovas de búfalo" na nuca dos pacientes. Aureliano Biancarelli e Jairo Bouer viajaram a convite dos laboratórios Merck e Abbott Texto Anterior: Crise não é de desemprego, mas de salário e educação Próximo Texto: Novas pílulas reduzem efeitos colaterais Índice |
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