São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998![]() |
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Mulheres defendem direito de ser "de lua"
LUCIA MARTINS; AURELIANO BIANCARELLI
O sangramento, para algumas inútil e doloroso, para outras é símbolo da feminilidade. Ex-aluna de Elsimar Coutinho, a ginecologista e sexóloga Tânia Santana, 50, discorda do mestre. "Nós somos mulheres de lua. Somos maravilhosas por causa das nossas fases e mudanças." A opção de suprimir a menstruação é, para ela, um risco para a saúde. Depois de alguns anos tomando drogas, a mulher pode sofrer de uma atrofia do endométrio e está sujeita a sérias alterações cardiovasculares. "Libertar-se do sangue menstrual pode ser um discurso fascinante, porque entra na voga de liberação do corpo; mas que as mulheres não caiam na ilusão de que ficarão livres dos riscos e das responsabilidades". A opinião é da historiadora Denise Sant'Anna, professora da PUC de São Paulo e autora de uma tese sobre a história do embelezamento da mulher. "O que antes cabia à natureza realizar, agora cabe à mulher decidir, e solitariamente", diz. Na sua opinião, a proposta do fim da menstruação coloca em jogo, "mais uma vez, a manipulação do corpo". "Cada liberdade é acompanhada de um novo território de risco e novas responsabilidades que a mulher terá que assumir sozinha." Cada vez mais o sangue menstrual se distancia do campo visual, observa Denise. As toalhinhas de tecidos, que eram lavadas pelas próprias mulheres, foram substituídas por absorventes nos quais quase não se nota o sangue. Nos comerciais de absorventes, o sangue é um líquido azul. "O aumento da higienização implica a separação entre o ser humano e o que sai de seu próprio corpo. A proposta de acabar com a menstruação está dentro de movimento histórico." Para a historiadora, o médico Elsimar Coutinho é ao mesmo tempo antigo e moderno. "Antigo porque mantém a aversão ao sangue menstrual. Moderno porque propõe a manipulação radical do corpo." (LM e AB) Texto Anterior: Ninguém menstrua em minha casa, afirma Coutinho Próximo Texto: 'Faz parte da identidade feminina' Índice |
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