São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998
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Bola parada classifica a seleção

DA REPORTAGEM LOCAL

Volante César Sampaio faz os dois primeiros gols da vitória por 4 a 1 que garante o Brasil nas quartas-de-final da Copa

Com três gols nascidos de jogadas de bola parada, a seleção brasileira derrotou o Chile por 4 a 1, ontem, no estádio Parc des Princes, em Paris, e se classificou para as quartas-de-final da Copa.
Na próxima sexta-feira, o Brasil enfrenta, às 16h (horário de Brasília), em Nantes, o vencedor do confronto entre Nigéria e Dinamarca -que jogam às 16h de hoje, em Saint-Denis.
Com o ataque brasileiro apagado -Bebeto esteve entre os piores da partida e Ronaldinho não foi bem-, os dois primeiros gols da seleção foram marcados pelo volante César Sampaio, que se tornou o artilheiro da seleção na competição ao lado de Ronaldinho, com três gols.
Ele já havia marcado na partida de estréia, contra a Escócia.
Os dois outros gols foram marcados por Ronaldinho.
O primeiro do atacante, terceiro do Brasil, foi de pênalti, sofrido por ele mesmo.
Seja qual for o adversário das quartas-de-final (Nigéria ou Dinamarca), o Brasil estará enfrentando um desconhecido.
Jamais a seleção nacional enfrentou uma dessas equipes em uma Copa do Mundo.
Em caso de um confronto com os nigerianos, os brasileiro tentarão vingar a derrota nas semifinais da Olimpíada de Atlanta, nos EUA, em 96, que eliminou os brasileiros da competição.
A falta de entrosamento entre o meia Rivaldo e o atacante Ronaldinho -que chegou a iniciar uma crise durante a semana na seleção- se confirmou ontem.
Os dois pouco trocaram passes entre si. Ainda assim, o atacante teve atuação melhor do que nas outras partidas -mas ainda aquém do seu potencial.
O chute da cobrança do pênalti foi a sua única finalização certa durante todo o primeiro tempo.
No segundo tempo, além do gol, mandou duas bolas, aparentemente fáceis de concluir, na trave.
O companheiro de ataque de Ronaldinho, Bebeto, que fora um dos destaques brasileiros na derrota para a Noruega, esteve muito pior.
Desligado, errou passes e se deslocou com lentidão.
Se o melhor jogador do mundo (Ronaldinho) não se destacou tanto, o segundo na eleição da Fifa (Roberto Carlos) mostrou uma evidente evolução em relação aos outros jogos. Bem acionado por Rivaldo e Dunga, Roberto Carlos deu as suas arrancadas características e cruzou com eficiência.
A vitória brasileira foi uma espécie de afirmação do time escolhido como titular pelo técnico Zagallo.
No único jogo em que ele experimentou as mudanças apontadas como ideais pela opinião pública -colocando Leonardo como segundo volante e Denílson no time titular-, o time se desencontrou.
Um dos motivos foi o excesso de canhotos e o deslocamento de alguns jogadores de sua posição original, como Rivaldo, que atua na meia esquerda e teve que jogar pelo lado direito.
Ontem, "desentortado", o Brasil esteve melhor técnica e taticamente, principalmente no segundo tempo, quando tocou melhor a bola e marcou o único com a bola em movimento.
Os brasileiros começaram a partida com nervosismo, enquanto o Chile tomou a iniciativa de jogo.
Bastava que a bola chegasse na intermediária brasileira para que fosse imediatamente afastada por algum defensor. Além disso, o Brasil tinha dificuldade na saída de bola, errando muitos passes.
Mas, na primeira vez que chegou ao ataque, o Brasil marcou.
Aos 10min, Rivaldo sofreu falta na lateral esquerda.
Em jogada ensaiada, Dunga alçou a bola na área chilena, César Sampaio se livrou da marcação e, totalmente livre, mandou de cabeça para o gol.
Foi o segundo gol de cabeça do volante, o terceiro mais baixo entre os titulares da seleção (1,77 m).
Após o gol, o nervosismo mudou de lado. Não que o Chile não conseguisse chegar à área brasileira, mas, quando o fazia, não tinha o controle da bola.
A única chance de gol do Chile foi aos 38min, quando Zamorano serviu Cornejo, que chutou para defesa de Taffarel.
O segundo gol brasileiro nasceu de uma cobrança de falta de Roberto Carlos. A bola bateu em três jogadores antes de chegar a César Sampaio, que chutou no canto.
Já nos acréscimos do primeiro tempo, a zaga chilena se atrapalhou, e Leonardo passou a Ronaldinho, que entrou na área e foi derrubado. O atacante cobrou o pênalti, que Margas defendeu parcialmente antes de a bola entrar.
O gol chileno surgiu de uma cabeçada de Zamorano. A bola bateu no peito de Taffarel e parou em Salas, que, também de cabeça, mandou para o gol.
O placar foi fechado em uma bela troca de passes, iniciada por Rivaldo, intermediada por Denílson e concluída por Ronaldinho.

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